Nestas últimas semanas, tenho feito muitas postagens na internet sobre o assassinato em massa de palestinos por Israel, o que me levou a interagir constantemente com internautas brasileiros de diferentes pontos de vista sobre o assunto.
O que mais tem me impressionado é perversidade, ostensiva, bruta, expressa nos comentários de muitas pessoas que justificam o genocídio do povo palestino em Gaza.
Essas justificativas são redigidas, muitas vezes, em tom gaiato, como de quem se diverte com as notícias terríveis que chegam o tempo todo. Ou com a naturalidade de quem acha banal a matança de 4 mil crianças em um mês. (Um idiota chegou a exclamar: "bem feito!")
Nada, nenhum fato ou argumento, é capaz de mudar essa postura. Quarteirões inteiros são reduzidos a escombros, hospitais são bombardeados. Nem mesmo as ambulâncias escapam. Famílias inteiras, com dezenas de pessoas reunidas na casa ou apartamento de um parente que ainda não está desabrigado, desaparecem numa única explosão.
Os internautas pró-Israel com quem tive contato sabem perfeitamente de tudo isso, e ainda assim suas reações são de gozo. Manifestam, perante a morte de inocentes, um deleite maligno supostamente legitimado pela ideia de se trata de uma reação ao "terrorismo".
Assistem a tudo, inabaláveis, e batem palmas, pedem bis.
Lendo o que esses brasileiros escrevem, me lembro dos relatos sobre a frieza de grande parte dos alemães perante o extermínio de judeus, ciganos, comunistas, gays e deficientes físicos e mentais pelo nazismo.
Percebo na postura desses simpatizantes de Israel a mesma indiferença, a mesma ausência total de empatia com a morte e o sofrimentos humanos que tornaram possíveis as piores atrocidades da época contemporânea.
A chocante frieza dos que celebram a morte de inocentes - por Igor Fuser
Há uma perversidade, ostensiva, bruta, expressa nos comentários de muitas pessoas que justificam o genocídio do povo palestino em Gaza
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