Enquanto Jair Bolsonaro (PL) se ocupa em conter a crise na pré-campanha com o escândalo de corrupção no Ministério da Educação, Lula (PT) tem intensificado as conversas com o empresariado brasileiro e já consegue convencer setores do PIB que demonstram certo receio com um terceiro mandato na Presidência da República.
Acompanhado de Geraldo Alckmin (PSB) e Fernando Haddad (PT), Lula se reuniu com pesos-pesados do PIB na noite da última segunda-feira (21), quando reverteu a desconfiança sobre a condução da política econômica.
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"Vocês me conhecem. Eu não sou primário", disse Lula no encontro, que reuniu Pedro Moreira Salles, do Conselho de Administração do Itaú Unibanco; Beto Sicupira, da Ambev; Frederico Trajano, da Magalu; Horácio Lafer Piva, do grupo Klabin; Fábio Barbosa e Pedro Passos, da Natura; Sergio Rial, do Santander; e Teresa Vendramini, da Sociedade Rural Brasileira. A reunião ocorreu em São Paulo na casa de Cláudio Haddad, fundador do Insper.
Com influência no setor, todos os empresários presente foram alvo de assédio de Bolsonaro, que tenta atrair os endinheirados por meio da política neoliberal conduzida por Paulo Guedes.
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Lula, no entanto, mostra um cenário mais amplo, com a crise econômica instalada por sucessivos erros do atual governo e lembra como aqueceu o mercado interno ao livrar o Brasil da crise de 2008, com o Estado atuando como forte indutor de negócios do setor privado.
O petista ainda ressalta a boa relação com atores internacionais, diante da diplomacia bolsonarista que transformou o Brasil em pária no cenário global.
Uma sinalização vinda do exterior ocorreu nesta quinta-feira (23), quando a Noruega anunciou que está pronta para retomar os pagamentos ao Brasil para prevenção do desmatamento na Amazônia caso haja mudança nas eleições de outubro.
Entre 2008 e 2018, a Noruega pagou US$ 1,2 bilhão (R$ 6,18 bilhões) ao Fundo Amazônia, mas os repasses foram suspensas diante dos achaques diplomáticos e da política predatória de Bolsonaro na região.
Nesta terça, Lula e Alckmin vão encontrar uma nova leva de empresários de peso no país ligados aos setores financeiro, de saúde, farmacêutica e transporte aéreo.
O encontro foi organizado pelo Grupo Prerrogativas e deve reunir cerca de 130 pessoas em um restaurante em São Paulo, entre empresários e juristas.
O objetivo de Lula é esvaziar o discurso de Bolsonaro, que insiste em fake news atrelando a crise aos governos anteriores - em especial ao falar sobre a Petrobras, que causou um efeito cascata na inflação com a alta dos preços dos combustíveis por meio da política de paridade.
Ao se aproximar do PIB, Lula busca atrair as duas pontas do eleitorado - já que tem quase 70% de intenção de votos entre os mais pobres - para fortalecer seu discurso de uma grande aliança para reconstruir o Brasil em uma especial de Conselhão antes mesmo de vencer a eleição e tomar posse.