Há quatro anos – em 7 de abril de 2018 - Lula se despedia de todos nós no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo para ser preso pela Polícia Federal e conduzido para Curitiba, onde esteve preso por 580 dias, quase 20 meses.
A maioria ali se opunha à sua apresentação, ninguém estava seguro do que poderiam fazer com Lula na PF. Ele teve dificuldades para sair do Sindicato. Na primeira tentativa uma muralha humana o impediu de sair.
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Até que depois de fazer seu discurso de despedida naquele domingo dizendo que ia provar sua inocência, ele conseguiu sair e temos, até hoje, a imagem da dolorosa cena da sua prisão. Ele foi recebido em Curitiba por um grupo de pessoas, até ser levado para a Polícia Federal.
Ali, Lula foi acompanhado pelos que estiveram na Vigília Lula Livre durante os 580 dias e noites, amanhecendo com o "Bom dia, companheiro Lula" e terminando os dias com o "Boa noite, companheiro Lula", quando ele respondia apagando e acendo a luz da sua cela por três vezes. Esse foi o contato com ele durante todo aquele tempo, salvo pelos que pudemos visitá-lo, ainda que brevemente.
Deu pra ver a simples cela onde ele estava encerrado, com uma cama à esquerda, ao pé da qual estava a televisão. Uma estante, com os livros que ele foi lendo – e leu mais do que nunca na sua vida, concentrando as leituras nos temas da escravidão e das lutas dos movimentos populares na historia do Brasil.
O encontro era muito emocionante, poder abraçá-lo de novo, conversar com ele, sentir suas palavras e seu sorriso carinhosos. Mais triste era se despedir dele, deixá-lo de novo nas mãos daqueles policiais, sem saber quando poderíamos revê-lo.
Lula saiu da PF para tentar visitar seu irmão morto, sem conseguir fazê-lo, e para a morte do seu netinho querido. Só saiu definitivamente de lá no dia 8 de novembro de 2019. Saiu e teve finalmente o contato direto com todos da Vigília.
Desde então, Lula não tinha retornado a Curitiba e ao Paraná.
Voltou agora, para o primeiro ato político de massas em muito tempo, pela filiação do seu amigo Roberto Requião, que aceitou seu convite para se filiar ao PT.
Foi um lindo e emocionante ato político, que consagrou definitivamente a relação entre os dois grandes líderes políticos, emoldurados por um cenário de entusiastas e mobilização de petistas que lotaram o auditório.
Lula teve expressões carinhosas de apoio de líderes de movimentos de massas, de parlamentares, de líderes políticos.
No seu discurso, além das expressões de reconhecimento de Requião como líder politico nacional, Lula fez questão de ter muitas palavras de elogio do Paraná como estado. Colocou seus algozes no seu devido lugar, mostrando onde estão eles agora e onde está ele.
Falou do carinho que recebeu dos paranaenses durante todo o tempo da sua prisão, falou da força de um estado que teve a coragem de eleger o Requião como prefeito, como governador do Paraná e que agora luta para reconduzí-lo ao governo do estado.
Falou do carinho e dos laços que tem com o estado, cuja imagem não tem nada a ver com aquela projetada pela mídia durante sua prisão.
Antes do ato, Lula se reencontrou com o pessoal da Vigília.
Finalmente ele pôde agradecer o apoio que teve durante todo o tempo da sua prisão. Agora, sem limites, pôde abraçar e ser abraçado, tirar fotos, se emocionarem uns e outros.
Tanto a Roberto Bagio, o dirigente do MST responsável por organizar toda a Vigília, como todos os que o acompanharam do lado de fora da PF, amainando todo o seu tempo de solidão na prisão.
No dia seguinte, Lula foi à Londrina, junto com Requião e Gleisi, visitar o assentamento do MST Eli Vive, a maior área fruto de reforma agrária em região metropolitana do Brasil.
O ato fez parte da "Jornada de solidariedade: Rumo aos Comitês Populares", reunindo 10 mil pessoas, a maioria vindas das comunidades do MST de todas as regiões do Paraná.
Não poderia haver reencontro melhor e mais bonito do que esse do Lula com o Paraná.
Foi recebido pelo povo do estado e por seus líderes desta vez - e não por membros da PF. Escolheu com quem estar, o que dizer, a quem abraçar, livremente. Finalmente, o Paraná se reencontrou como Lula Livre e Lula Livre com o Paraná e seu povo, que o abraçou o tempo todo, dizendo: Bom retorno, Presidente Lula!