Linha auxiliar do golpe que depôs Dilma Rousseff (PT) em 2016, dois anos antes de determinar a prisão de Lula (PT), Sergio Moro (Podemos) foi até o escritório de Michel Temer (MDB) para promover um "beija-mão" e pedir autorização para aglutinar golpistas em torno de sua candidatura na terceira via.
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"Moro pediu conselhos [...] E falaram muito das reformas de Temer também, Moro elogiou bastante", disse o marqueteiro Elsinho Mouco, que estava na reunião junto com Gustavo Guedes, que foi advogado de Temer na cassação da chapa Dilma-Temer no TSE e hoje atua como coordenador jurídico da campanha de Sergio Moro.
Além de tentar implodir a pré-candidatura de Simone Tebet (MDB), Moro fez o gesto de reverência ao ex-presidente golpista após recrutar atores do processo de impeachment.
O principal deles é o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, do PSB, que tenta implodir a negociada federação da sigla com o PT e outros partido que apoiam Lula.
Casagrande negociou diretamente com Temer e trabalhou intensamente para que o PSB apoiasse o impeachment contra Dilma. Após encontro com Moro, o governador do Espírito Santo abriu fogo contra aliança, que resultou em cisão dos dois partidos, com Carlos Siqueira, presidente do PSB, insinuando que o próprio PT colaborou para golpe contra Dilma.
No Estado, Moro ainda articula com o ex-governador Paulo Hartung, do MDB, que aglutinou parte do empresariado e da sociedade civil em torno do golpe - grupo que depois viria orbitar uma pretensa candidatura do apresentador da Globo Luciano Huck.
Após debate com Tebet e Felipe D'Avila, do Novo - outra frente golpista -, Moro defendeu a ideia da "aglutinação" para a construção de "terceira via". Em terceiro lugar nas pesquisas - dividindo a posição com Ciro Gomes (PDT) -, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) tenta abocanhar as parcas intenções de votos de outros candidatos que apoiaram o golpe.
Soma-se a isso, os conluios com movimentos golpistas, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Nas Ruas, que já fecharam questão com o ex-juiz. Sem contar a torcida e o espaço na mídia liberal, em especial na Globo, da Família Marinho.
Ao lado de Temer, Moro torna-se um "tostines" da chamada "nova política". Não se sabe mais se Moro pariu o golpe ou o golpe pariu Moro. O que é fato é que o ex-juiz busca forças para tentar, mais uma vez, tirar Lula do caminho ao Planalto. Democraticamente ou não. Como conta sua própria história.