O congolês que foi espancado até a morte em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, tornou-se notícia em todo o país. Em todos os veículos de comunicação destaca-se que tratou de uma questão de racismo, outros afirmam também que foi xenofobia.
Essas interpretações sobre o caso orientou as manifestações pelas ruas do país em solidariedade ao congolês e sua família. Esses movimentos tiveram como pauta a luta antirracismo.
Contudo, o que ocorreu com Moïse Kabagambe é a vontade que os grandes financistas têm quando os trabalhadores fazem greves exigindo melhores salários e condições de trabalho. As grandes corporações capitalistas não agem assim porque têm o domínio sobre a polícia para jogar spray de pimenta e gás lacrimogêneo sobre os grevistas.
Será que se Moïse fosse branco ele não seria tratado da mesma maneira? No Rio de Janeiro, as pessoas que contestam, ou que se colocam contrários aos interesses dos grupos que controlam a cidade, acabam tendo um destino funesto. Milícias, traficantes, policiais corruptos etc estão aliados ao poder econômico para oprimir todos que fogem da linha. “Todos” lê-se trabalhadores.
Mas a mídia quer destacar o racismo, manipulando a indignação popular. Os trabalhadores não devem saber que vivem sob uma esmagadora luta de classes na qual estão sendo massacrados.
O grande capital compra políticos e juízes para arrancar os direitos trabalhistas, já o pequeno capital é forçado a se aliar aos grupos armados locais. Como vimos no caso de Moïse, a retórica destes grupos que destacava a proteção dos negócios contra os bandidos, evoluiu para a opressão aos trabalhadores.
O grande capital tem seus métodos de opressão, os negociantes das margens da cidade também têm os seus...
Outro caso que ocorreu no Rio de Janeiro, no qual um sargento da Marinha assassinou um trabalhador porque o confundiu com um bandido, o racismo é claro. Não se tratava de um trabalhador reivindicando pelo salário correspondente ao seu dia de trabalho.
O caso de Moïse nos alerta de como a mentalidade capitalista age em uma escala micro, em uma escala distante dos olhos do Estado, dos olhos da lei. É a opressão capitalista em seu estado puro. É o lucro acima da vida humana. É a matemática do papel.
Imagine se todo o trabalhador exigisse o dinheiro que não foi pago a ele que se transformou em lucro? A linha do “D” que Karl Marx fala no O Capital. Se isso acontecesse, os trabalhadores teriam adquirido um nível de consciência que os levaria ao socialismo. Podemos imaginar como a burguesia iria tratá-los; exatamente como ela agiu em todas as tentativas de revolução proletária ao longo da história. Da mesma forma que agiram com Moïse na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum