Na esteira do sucesso da série “The Beatles: Get Back”, os Beatles acabam de lançar, após inacreditáveis mais de 50 anos da dissolução da banda, mais um álbum com gravações inéditas.
Subiu para as plataformas digitais, nesta sexta-feira (28), o álbum “Get Back (Rooftop Performance)” que, como o nome indica, traz as gravações completas do famoso último concerto da banda, feito no dia 30 de janeiro de 1969, no telhado do prédio da Apple, em Saville Row, no centro de Londres.
Apesar da fama, prestígio e vitoriosa carreira da banda, quem vê a série percebe claramente o nervosismo deles nos dias que antecedem a apresentação. A tensão cresce no dia do concerto e se dilui aos poucos à medida em que eles alternam várias versões de algumas canções que se tornaram clássicas, como “Get Back”, “Don’t Let me Down”, “I’ve Got a Feeling” entre outras, que até então eram inéditas.
O concerto no telhado foi realizado com as canções possíveis naquele formato, no exíguo palco. Não era viável carregar um piano lá para cima ou fazer tomadas satisfatórias de instrumentos acústicos. A solução foi tocar apenas as que eram executadas pelo quarteto básico, com guitarras, baixo e bateria, somados à participação transformadora do tecladista Billy Preston.
“Get Back” é tocada três vezes; “Don’t Let me Down” e “I’ve Got a Feeling” duas vezes e as outras, “One After 909”; “Dig a Pony” e a jam “God Save the Queen”, apenas uma vez. O álbum se resume a estas dez canções que aparecem em todas as suas versões pela primeira vez.
A diferença entre as versões que são repetidas é mínima. Apenas o ouvinte mais atento, fã e provavelmente músico, vai perceber. O que não tira, de maneira alguma, o sabor do álbum para o público em geral. São, enfim, os Beatles, a banda de rock mais famosa de todos os tempos, ensaiando, repetindo, corrigindo até conseguir o que eles consideraram o melhor que podiam na época.
Há um outro desafio neste momento da banda. Eles queriam fazer tudo do jeito que foi mesmo, ou seja, ao vivo, sem edições, overdubs, cortes e truques de estúdio. Basicamente toda a discografia dos Beatles, inclusive o álbum seguinte, o “Abbey Road”, gravado meses depois do concerto no telhado é feito à base de edições.
O lendário “Sgt. Peppers”, por exemplo, levou cerca de seis meses para ser gravado, com um sem fim de edições. Os Beatles queriam provar para eles próprios que conseguiriam tocar novamente como nos tempos do Cavern Club, em Liverpool, ao vivo, direto da banda para o gravador.
E conseguiram, com louvor. Tanto o álbum “Let it Be” quanto as gravações do recém-lançado “Get Back (Rooftop Performance)” estão, de fato, muito aquém da qualidade sonora e estética dos outros álbuns da banda. Por outro lado, há uma certa força e energia nestas gravações que, de fato, trazem algo que só poderia aparecer dessa forma, no calor das gravações.
Vale e muito ouvir novamente e para sempre. Afinal é Beatles, e isso significa muita, mas muita qualidade.