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OPINIÃO
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Nesta quinta-feira, tive oportunidade de entrevistar o deputado federal Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, que aceitou participar do programa Forum Sindical.
O deputado deixou bem claro que, em sua visão, a eleição presidencial deste ano encontra-se dividida essencialmente em dois campos: de um lado, os que representam o autoritarismo, de outro, os que representam a democracia.
No campo do autoritarismo, segundo Maia, estão Jair Bolsonaro e Sergio Moro.
No campo democrático, todos os outros.
Maia ressaltou a liderança do ex-presidente Lula nas pesquisas e admitiu que ele é o favorito para vencer as eleições, mas não deu nenhum sinal de que será possível uma união em torno do petista já no primeiro turno.
No segundo turno, suas declarações não deixam dúvida de que caminhará ao lado de Lula.
Entretanto, o deputado também demarcou muito claramente suas diferenças com a esquerda. Ele defende o teto de gastos e não se entusiasma com a volta dos "investimentos públicos". Sua aposta para a retomada econômica do país passaria por acordos entre governo e empresas, com ênfase nos investimentos privados, mesmo se tratando de obras de infra-estrutura.
O deputado disse que, se permanecer no parlamento num próximo governo Lula (ou de outro governo do "campo democrático"), irá trabalhar em defesa de uma "repactuação" e um grande "diálogo" entre as diferenças forças políticas do país, em prol de um projeto de reconstrução nacional.
É uma sinalização promissora, de um representante da centro-direita liberal, que possivelmente continuará sendo a maior força do congresso nacional, mesmo em caso de vitória de Lula, de que haverá um esforço, ao menos por parte de setores liberais influentes, de promover um diálogo.
Maia disse que seu candidato presidencial, no momento, é João Dória (PSDB), o governador de São Paulo, mas fez diversos elogios a Lula.
Suas maiores ressalvas foram contra o governo Dilma, o que gerou alguns momentos mais tensos na entrevista, quando o ex-presidente da FUP, José Maria Rangel, que também participou, veio em defesa da ex-presidenta. Maia criticou a "nova matriz econômica" de Dilma, que foi a tentativa de se levar adiante, com liderança do Estado, um projeto de reindustrialização do país.
O deputado fez questão de enfatizar, no entanto, que defende a construção de um espaço de diálogo entre liberais e esquerda, com objetivo de isolar o autoritarismo representado por Bolsonaro e Moro.
Ele fez críticas aos excessos da Lava Jato e disse que, em sua opinião, Lula foi vítima de perseguição judicial.
A entrevista sinalizou que um novo governo Lula terá dificuldades para convencer o campo liberal a revogar o teto de gastos.
Mas também que há uma ansiedade crescente, por parte dos mesmos setores, em favor do estabelecimento de um novo "pacto social" em prol de objetivos comuns, como a retomada do crescimento econômico e a redução das desigualdades.
Maia disse que apoia uma reforma tributária, por exemplo, que promova uma maior progressividade do imposto de renda, e defendeu o fim de subsídios fiscais para grandes empresas.
Assista a entrevista abaixo (já está no ponto onde entra o deputado, minuto 1:30:22):
https://youtu.be/vKd4lJE_Nvg?t=5422