Nas eleições de 2020, quase um terço dos eleitores habilitades a votar não compareceram às urnas no primeiro turno. Podemos alegar que em meio a uma pandemia (em outubro de 2020, a Covid-19 já havia matado 170 mil brasileiros) 29,5% de eleitores/as tiveram receio de aglomerações ou por medo de passar ou com medo de pegar a Covid-19. Num país onde o voto é obrigatório é uma decisão individual que afeta o coletivo como um todo.
De acordo com a Agência Senado, em alguns municípios o número de eleitores que não compareceram às urnas ultrapassou 40%! A abstenção em colégios eleitorais como nas grandes capitais como São Paulo (30,8%), Rio de Janeiro (35,4%) e médios colégios eleitorais como Porto Alegre (32,8%), Goiânia (36,7%), Aracaju (27,8%) e cidades como Petrópolis (35,6%), Ribeirão Preto (35,6%), Blumenau (31%), Joinville (28%) contribuíram para elevar a média nacional.
No entanto, desde o final da ditadura e o restabelecimento das eleições diretas para a presidência da república, a série histórica de abstenções nos mostra que ela vem crescendo de eleição a eleição.
Em 2018, quando Bolsonaro foi eleito, 21% de eleitores/as decidiram não sair de casa para votar.
No gráfico acima, podemos ver que após uma leve redução nas eleições em que Lula foi eleito e reeleito, o número de eleitores que decidem abrir mão do direito de decidir vem crescendo acentuadamente. Desinteresse pela política? O número de votos em branco mostra que aqueles/as que decidem votar optam cada vez mais por um candidate/partido específico, pois está bem abaixo de 5%.
Voto: direito ou dever?
Minha geração que saiu às ruas em 1984, para lutar pelo direito de votar pela primeira vez e escolher quem iria nos representar, acha que o voto é um direito. A cada eleição, mergulha de cabeça na campanha eleitoral, conhece os candidates, faz escolhas, faz campanha, tenta esclarecer a todes o porque o/a/e candidate que escolheu merece ser eleite.
Parcela da mídia conservadora e neoliberal do país passou a criminalizar a política e tornar projetos políticos ideológicos muito diferentes entre si como se fossem a mesma coisa. Isso faz com que um país com baixa densidade de cidadania, onde golpe não é exceção, mas regra, para destituir governos com projetos trabalhistas e desenvolvimentistas, afastem da política as pessoas e rebaixem ainda mais a cidadania delas.
O espetáculo midiatizado da operação ilegal da lava-jato, o lawfare contra Lula, o impeachment sem crime de responsabilidade contra Dilma são partes deste cenário conservador da mídia que criminalizou a política, criminalizou a esquerda, os/as políticos/as progressistas e resultou na eleição da extrema-direita com fortes cores fascistas que representa o governo Bolsonaro.
Quinhentas e noventa e dois mil novecentas e sessenta e quatro mil vidas perdidas para a Covid-19 e um saldo de 10% da população brasileira ( 21.308.178) contagiadas pela Covid-19 é um saldo desta criminalização da política.
O recorde de desemprego e desalentados desde que se começou a série histórica que mede o desemprego no país é resultado da criminalização da política. A volta da fome, a insegurança alimentar, o recorde de pessoas morando na rua é resultado de nossas escolhas políticas.
Menos recursos para saúde e educação também, o dólar disparado, o litro de gasolina e o gás de cozinha inacessível aos mais pobres, a carestia dos alimentos tudo isso são escolhas políticas.
Jovem que irão completar 16 anos até 4 de maio de 2022 poderá votar
O voto é facultativo para quem tem 16 e 17 anos. Jovens que vão completar 16 anos até 2 de outubro (data do primeiro turno das próximas eleições gerais) podem votar e tem até o dia 4 de maio de 2022 , data do fechamento do cadastro eleitoral, para se registrar no TítuloNet .
Desde a pandemia, o TSE permite a emissão do título pela internet.
Como emitir pela primeira vez o título pela internet
Pelo computador, tablet ou celular com conexão na internet acesse TítuloNet escolha a opção “não tenho” na guia “Título de eleitor” e preencha todos os campos indicados com dados pessoais, como nome completo, e-mail, número do RG e local de nascimento. No processo é preciso anexar ao menos quatro fotografias ao requerimento para comprovação da identidade. A primeira delas é uma fotografia (selfie) segurando um documento oficial de identificação. As duas seguintes são da própria documentação utilizada para comprovar a identificação da primeira foto e anexar um comprovante de residência. Para indivíduos do sexo masculino entre 18 e 45 anos é preciso enviar o comprovante de quitação com o serviço militar. As imagens devem estar totalmente legíveis. Caso contrário, a solicitação pode ser negada pela Justiça Eleitoral.
Para acompanhar o pedido de emissão do documento basta acessar a guia “Acompanhar Requerimento” e informar o número do protocolo gerado na primeira fase do atendimento.
Neste mês de setembro a Justiça Eleitoral iniciou a campanha “Bora Votar!" para incentivar o alistamento eleitoral e o voto consciente dos jovens de 16 e 17 anos, que, mesmo não sendo obrigados a votar, podem participar do processo eleitoral e escolher seus representantes nos Poderes Executivo e Legislativo. Conheça também a campanha voltada aos jovens eleitores.
2022 as eleições das nossas vidas
Em termos de capacidade produtiva o Brasil voltou à década de 1930. Teremos enormes desafios pela frente para recuperar nossa economia. O desmonte do Estado brasileiro feito pelo governo ultraneoliberal, sem qualquer empatia com o povo, dificultará a tarefa de qualquer candidate que vença as eleições.
A tarefa de todes democrata deste país (da esquerda à direita passando pelo centro) é expulsar a extrema-direita do governo brasileiro.
Para isso precisamos de todes eleitores.
O Cadastro Nacional de Eleitores fechará no dia 4 de maio de 2022. Ou seja, até lá precisamos convencer todes no nosso entorno a regularizar seu título e a importância de votar consciente. Nas periferias brasileiras temos uma legião de pessoas com idade para votar, mas não emitiram o título de eleitor ou não transferiram seu título para a cidade onde vivem.
Quando lecionava para turma de Educação de Jovens e Adultos somente 1 a cada 11 alunos tinha seu título regularizado. Todes nós temos a tarefa de mudar esta realidade. Precisaremos de todes para expulsar Bolsonaro de um lugar que ele jamais deveria ter ocupado.
Comece hoje seu trabalho de convencimento e esclarecimento de como emitir ou regularizar o título de eleitor em tempo hábil. Estamos todes felizes com as pesquisas eleitorais que mostram a grande rejeição de Bolsonaro. Mas há uma enorme distância entre intenção de voto e voto na urna. É papel de cada um/uma de nós estimular brasileiros e brasileiras de todos os credos, cores, idades e identidades à regularização do título de eleitor e caminhar até as urnas em 2 de outubro de 2022.
Pense que as eleições de 2022 é mais importante que o #BBB2021 e o prêmio ou a derrota é dividido entre todes.