O oceano Atlântico e algumas décadas separam a história de Madiba e Herbert Conceição, nobres guerreiros de alma leve - como diz a canção do Olodum -, que mantêm-se unidos na luta pelo fim do racismo e da segregação racial.
Baianos de Ouro: Isaquias Queiroz, na canoagem, e Herbert Conceição, no boxe, se consagram em Tóquio
Quando Herbert nasceu, na periferia de Salvador - a capital mais africana do Brasil -, Nelson Mandela já havia feito história ao se libertar de 27 anos da prisão e tornar-se presidente da África do Sul.
Neste sábado (7), ao entrar no ginásio Ryogoku Kokugikan, em Tóquio, ao som da música que o Olodum compôs em homenagem ao líder da luta contra o regime segregacionista do Apartheid, Herbert mostrou que a luta, fora dos ringues, é parte da história do povo negro.
"Em pleno século 21 ainda conviver com casos de racismo é muito lamentável. Como negro, não poderia deixar de fazer a minha raça se sentir representada e mostrar pra eles que nós podemos. Basta a gente trabalhar, não ligar pra críticas, absorver apenas as críticas construtivas e ter fé, seja lá quem alimente a sua fé. Respeite o próximo, seja branco, negro, pardo, índio. Trabalhe, porque com certeza você será recompensado", disse Herbert, em reportagem no portal Uol.
Com um choro emocionado ao vencer por nocaute no terceiro assalto - após perder por pontos os rounds anteriores -, o pugilista brasileiro mostrou a resiliência histórica do povo negro para lugar pela justiça de se viver em um mundo mais livre e mais empático.
"Nobre guerreiro negro de alma leve, nobre guerreiro negro lutador, que os bons ventos calmos assim te levem aonde você for".
Os versos em homenagem a Mandela que embalaram o ouro de Herbert revelam que, mesmo após séculos, a luta continua e faz surgir em todo o mundo nobres guerreiros dispostos a nocautear o racismo e o preconceito.