- O presidente peruano Pedro Castillo nomeou um novo chanceler no país. O advogado e também diplomata de carreira, Óscar Maúrtua, assumirá a chancelaria. Ele já havia ocupado o cargo anteriormente no governo do presidente Alejandro Toledo (2001 – 2006). A nomeação veio três dias depois da renúncia de Héctor Béjar, que ficou apenas 19 dias no cargo. A saída precipitada de Béjar se deu após a difusão de uma entrevista dele, que é também advogado e professor de sociologia (85 anos), do ano passado em que comenta que o Sendero Luminoso foi uma criação da Agência de Inteligência dos EUA, a CIA. As declarações causaram uma crise e pressão sobre o governo Castillo por sua demissão. O novo chanceler tampouco chegou de forma pacificadora. Nas palavras de Vladimir Cerrón, líder do partido Peru Livre, pelo qual Castillo se elegeu, disse em sua conta no twitter que “o novo chanceler, Óscar Maúrtua de Romaña, não representa o sentimento do Peru Livre. Nosso partido é uma entidade inclusiva e soberana, comprometida com uma América Latina independente e unida, e rejeita qualquer ingerência ou política servil”. Todo o gabinete de Castillo ainda será validado em votação de confirmação no Congresso nos próximos dias.
- Em meio à crise da saída dos EUA do Afeganistão, a vice-presidente do país, Kamala Harris, está na Ásia. Ela está em visita à Singapura, de onde segue para o Vietnã. Sua presença na região é vista como um sinal de provocação à China, por ter na pauta os interesses desses países no Mar do Sul da China. É bom lembrar que o Mar do Sul da China, além da própria China (inclusive na sensível região de Taiwan), banha também as Filipinas, Malásia, Indonésia, Singapura, Vietnã, Camboja, Tailândia e Brunei. Parte dos acordos assinados com Singapura nessa visita incluem reforço da presença de navios de combate e aeronaves militares na região.
- Após a flagrante derrota do ocidente no Afeganistão, acontece hoje (24) uma reunião extraordinária do G7, convocada pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, para discutir a crise da retirada ocidental do Afeganistão. São membros do G7, além do RU, os EUA, Itália, França, Alemanha, Japão e Canadá. A União Europeia também tem assento. A Rússia também já teve assento, quando era G8, mas foi suspensa após a crise da Crimeia com a Ucrânia. Um dos pontos mais sensíveis do encontro será sobre prazos de retirada de tropas, funcionários e colaboradores de cada um desses países do Afeganistão. Até ontem, a Casa Branca afirmava que sustentaria a meta de retirada até 31 de agosto para cumprir o acordo com o Talibã. Mas todos os demais países, em especial a Alemanha, já disseram que o prazo é impossível de ser cumprido. Correm também notícias de que o diretor da CIA, Bill Burns, teria mantido ontem reunião com o líder Talibã, segundo na hierarquia, Abdul Ghani Baradar.
- Enquanto isso, outros países europeus, como a Grécia, tentam barrar a chegada massiva de refugiados afegãos. O país chegou ao absurdo de instalar um muro de 40 km e um sistema de vigilância na fronteira com a Turquia para “aumentar a inviolabilidade de suas fronteiras”, segundo autoridades. A iniciativa foi contestada pelo presidente turco Erdogan ao dizer que as pessoas que deixam o Afeganistão constituem “um sério desafio para todos”. Ocorre que a própria Turquia também está construindo seu muro na fronteira com o Irã com uma extensão de 243 km, dos quais 150 já estão erguidos. A Grécia é o país europeu de entrada para refugiados afegãos que passam pelo Irã, ingressam na Turquia e dali acessam a fronteira turco-grega. A caminhada entre Kandahar, no Afeganistão, e a fronteira da Turquia é de aproximadamente 25 dias. A outra via terrestre para quem busca deixar o país é a fronteira com o Paquistão. Outras vias são a Arábia Saudita e o Uzbequistão. Segundo a ACNUR, agência da ONU para refugiados, somente neste ano de 2021, 550 mil afegãos deixaram suas casas no contexto de aprofundamento da tensão com as forças de ocupação que resultaram na tomada do país pelos Talibãs no começo do atual mês de agosto.
- Enquanto o Grupo de Lima se desmancha, governo e oposição venezuelana desenvolvem importante processo de negociações com apoio da mediação do México e da Noruega. Acompanham como observadores os governos da Rússia e dos Países Baixos. Nesse mesmo esforço, o governo de Maduro quer avançar também para uma negociação com o governo Biden. Durante uma conferência de imprensa realizada há uma semana (16), o deputado Jorge Rodriguez comentou sobre um memorando de entendimento que já foi assinado entre governo e oposição no último dia 13. Segundo ele, foi resultado de seis meses de conversações com 14 reuniões entre os setores políticos. Durante esse período, foram discutidos sete pontos da agenda de negociações. O próximo encontro está previsto para 3 de setembro. Da parte do governo venezuelano, Jorge Rodríguez é o chefe da delegação e da parte da oposição lidera Gerardo Blyde, que representa dois grupos, o de Juan Guaidó e o de Henrique Capriles.
- O Brasil é notícia na imprensa internacional desta semana pela ameaça golpista do governo Bolsonaro. Está na capa de vários portais de notícias latino-americanas hoje que os governadores brasileiros fizeram um alerta, nesta segunda (23), sobre um possível levantamento armado das polícias estaduais em favor do presidente Bolsonaro. Devido ao fato de que policiais aposentados e mesmo em atividade convocaram manifestações de apoio ao presidente para o próximo 7 de setembro e fazem apologia a uma intervenção militar na corte suprema do país (STF). Os correspondentes internacionais também citam a participação do coronel Aleksander Lacerda, comandante de sete batalhões da polícia militarizada de São Paulo, nessas atividades de incitação à indisciplina e que foi destituído pelo governador Doria.
- O Chile terá oito candidatos e uma candidata ao Palácio La Moneda nas próximas eleições presidenciais de novembro. São eles Sebastián Sichel (sem partido, pelo pacto Chile Vamos), José Antonio Kast (Republicanos), Yasna Provoste (DC pelo pacto Unidad Constituyente-Pl-Nuevo Trato), Marco Enríquez-Ominami (PRO), Gabriel Boric (FA pelo pacto Apruebo Dignidad), Franco Parisi (Partido de la Gente), Gino Lorenzini (Independente), Eduardo Artés (UP), Diego Ancalao (Lista del Pueblo). A seguir seguem alguns detalhes sobre cada uma dessas candidaturas. Sichel representa a “situação” e agrupa quatro partidos de direita e ultradireita (UDI, RN, Evópoli e PRI). Boric representa o polo de esquerda que participou das eleições constituintes com o pacto Apruebo Dignidad e reúne os partidos da Frente Amplio, o PC e os Verdes (FRVS). José Antonio Kast representa o Partido Republicano de direita oposicionista (foi candidato em 2017 com 7,93%). Yasna Provoste é senadora pelo Atacama, foi presidente do Senado e candidata pelos Democratas Cristãos (DC). Marco Enríquez-Ominami é candidato pelo Partido Progressista, cineasta, já foi candidato em 2009, 2013 e 2017. Franco Parisi já foi candidato em 2009 e é candidato pelo Partido de la Gente, de oposição. Diego Analao é candidato pela Lista del Pueblo, que agregou muitos independentes e surpreendeu na eleição para representantes da Convenção Constituinte. É um ativista mapuche e já participou de outros partidos como DC, IC (esquerda cidadã) e os Verdes. A Lista del Pueblo tendia a apoiar Daniel Jadue, do PC, caso esse tivesse ganhado as primárias contra Gabriel Boric. Gino Lorenzini, engenheiro e autodenominado empreendedor, conseguiu se inscrever de última hora sob um agrupamento denominado Felices y Forrados (que pretende educar os chilenos para pouparem - sic).
- O Haiti mais uma vez agoniza após um terremoto devastador. Já se passaram dez dias do sismo de 7.2 pontos do dia 14 de agosto e o total de mortos está quantificado em 2.200 pessoas. Mais de 12 mil pessoas ficaram feridas, mais de 52 mil residências totalmente destruídas e outras 77 mil danificadas. Quase 400 pessoas ainda estão desaparecidas. Muitos países enviaram ajuda com alimentos e suplementos médicos. Cubanos enviaram equipes médicas e de enfermaria. Tudo isso em um país que já vinha enfrentando uma grave crise econômica, social e política, agudizada com o recente assassinato do presidente do país, Jovenel Moise. As últimas notícias sobre as investigações do seu assassinato foram em torno dos mercenários colombianos que confessaram participação no crime. Segundo os áudios divulgados pela emissora colombiana Caracol, eles foram contratados por políticos locais do Haiti, que prometeram protegê-los após o crime, mas não o fizeram. Foram citados os nomes da ex-juíza da suprema corte haitiana Windelle Coq-Thélot e do médico e pastor Christian Emmanuel Sanon, que tinha aspiração para se tornar presidente, como mandantes.
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