“O excremento, em geral, sempre me pareceu inútil e repugnante, a não ser, é claro, para os coprófilos e coprófagos, indivíduos raros dotados de extraordinárias anomalias obsessivas. Sei que Freud afirmou que o excrementício está íntima e inseparavelmente ligada ao sexual, a posição da genitália – inter urinas et faeces – é um fator decisivo e imutável.”
Rubem Fonseca
Quando, enfim, o mandato do Necrarca chegar ao fim, ele poderá gritar, orgulhosamente: “mãe, terminei”.
Nunca se fez tanta merda.
O desgoverno desse sujeito tem se notabilizado por uma sequência interminável do que o coprólogo Rubem Fonseca chamou de excreções, secreções e desatinos.
É um desgoverno escatológico.
Enfezado, e por isso irascível, o Necrarca costuma usar a boca como se fosse o aparelho excretor, do qual nos falava o bom Levy Fidelix.
Porra, merda, bosta e cu são usados como vírgula na linguagem semiótica fecal do mandatário caganeiro, tarado por skatós; por isso, vale-se de um léxico vagabundo e nauseabundo.
Segundo o sapientíssimo Cacique Papaku, a escatologia pode ser definida como um tratado acerca dos excrementos, ou a utilização prazerosa por expressões ou assuntos relacionados a fezes ou obscenidades.
Mas a escatologia também se refere a outros excretos, igualmente viscerais, como perdigôticas salivas, urina, sangue, pus, vômito e esperma.
Todos nos lembramos - como desver aquilo? -, de um vídeo publicado nas redes do Necrarca que mostrava dois homens fagueiros e lascivos, na alegria anárquica do carnaval, um mijando sobre o outro.
A exibição pública do espetáculo grotesco e gratuito desse golden shower evidencia uma clara e doentia obsessão por dejetos.
E jamais podemos nos esquecer que o sujeito, a título de promover uma reforma no palácio, ameaçou destruir uma biblioteca e mandar construir um banheiro no lugar, de uso exclusivo da primeira dama.
Escatológicas prioridades.
Outro dia, como se lesse um horrendo trecho do Cântico XVIII da Divina Comédia, o Cara da Casa de Vidro falou sobre brasileiros que nadam em canais cheios de bosta.
Ora, ora, ora.
Devia estar a falar dos eleitores que o bajulam, claro.
Segundo Dante, há um círculo no inferno chamado Malebolge; na Vala 2 ficam os sedutores e aduladores, eternamente confinados, imersos num rio de fezes e esterco.
Falo de seus eleitores porque estes parecem acometidos pela mesma patologia do excremento mitificado.
São chamados de gado, não por terem chifres, pois trata-se de um gado mocho, mas porque esse estranho boi-bumbá, espécie de gado bípede verde-amarelo, tá cagando e andando para os problemas que afligem a gente pobre deste país.
Há quem tenha notado que o Necrarca ficou de intestino solto logo que soube da chegada ao Brasil de Olavo, seu mentor, o Fiofólogo da Virgínia, o copromante da extrema direita, estátua viva a perambular por aí, todo cagado de pombo.
Fiscais do cu alheio, patrulham os outros como quem patrulha a si mesmo.
Olavo já chegou a afirmar que chuparia Caetano, exatamente naquela parte do corpo onde o sol não bate.
Seu discípulo presidente, igualmente culólatra, afirma-se incomível, neologismo que faz referência ao sexo anal.
Note que ninguém perguntou, sabemos que um ato falho fala muito sobre aquele que fala.
E por falar nisso, um dos seus subalternos andou a tuitar essa semana que há uma perseguição marxista desmachificadora, pregando contra a masculinidade e a virilidade, o que culminará no enfrescamento e na afeminação doa sociedade.
O valente tuiteiro, então, conclamou os machos desse Brasil varonil, para uma cruzada paudurescente, retomando sua erétil narrativa, resgatando seu lugar de falo.
Mas… Voltemos ao Necrarca e façamos uma anatomia do seu comportamento coprofílico.
Conta-se, à boca pequena, que quando criança, o Necrarca era daqueles garotinhos acometidos por uma incontrolável coprofagia e que, por isso, são levados a arrancarem as fraudas e se lambuzarem com as próprias fezes, comendo-as vez por outra.
A mãe, enojada e cheia de preocupações, levou o esquálido infante a uma conhecida copromancista, que são essas videntes que anteveem o futuro de uma pessoa analisando as suas fezes.
A futuróloga, futucando com uma vareta mágica os dejetos do raquítico peralta, viu o rosto do pequeno ZeroZero desenhado no seu próprio bolo fecal e não teve dúvidas, o magricela estava destinado a passar da coprofagia para a coprofilia, o que o levaria a arrastar, para o resto da vida, o fantasma pútrido de uma invisível bolsa de colostomia a tiracolo.
Cada vez que falasse em público, alertou a fétida vidente, seria como um rinoceronte defecando, com aquele jeito rinocerôntico de girar a pequena cauda, a espalhar merda para todos os lados.
“Acabará por ser político”, vaticinou a senhoria, “e se notabilizará por confundir a vida pública com a privada”.
A CPI tenta puxar a descarga e promover um reset sanitário, mas até agora as privadas parecem emperradas.
Há quem veja aí o dedo de Frederick Wassef que foi visto saindo, pé ante pé, de um banheiro feminino no Senado. Pode estar aí a origem da sabotagem.
Há muita merda para escorrer ainda por debaixo da ponte.
Há quem acredite que tudo terminará num fétido coprocídio, onde o Necrarca se afogará nas próprias merdas.
Papaku informa que feliz será o biógrafo do ZeroZero, seu livro gastará pouca tinta e pouco papel e tudo se resumirá ao título de capa, um resumo aforístico de toda a obra do obrador.
Aliás, a sentença é mais curta que um aforismo. Digo, ainda mais curta que um haikai. Tudo se resumirá em uma slogante palavra:
Caguei!
E nada mais precisará ser dito.
Palavra da salvação.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.