Parece que o martelo está batido: André Mendonça, pastor presbiteriano, ex-ministro da Justiça e atual advogado-geral da União deve ser o novo ministro do STF, cumprindo assim a promessa de Bolsonaro ao rebanho(!) evangélico que o segue, de que o novo membro da Suprema Corte seria alguém terrivelmente evangélico.
Confesso que até ficaria feliz se o novo ministro fosse realmente um cidadão evangélico, pois isto, aliado ao que realmente interessa, que é seu compromisso com as leis e o cumprimento da Justiça, poderia significar que teríamos um magistrado competente e comprometido com a verdade, além de defensor de causas humanitárias e, por consequência, jamais atrelado ao fascismo ou a quaisquer possibilidades de governos ditatoriais e corruptos, como é o caso do governo Bolsonaro.
Nada mais distante da verdade! André é capacho de Bolsonaro, como tem sido a cúpula da Igreja Presbiteriana do Brasil, que assim como a Convenção Batista Brasileira venderam seu compromisso com o Evangelho por um punhado de favores e pautas moralistas por parte de um governo miliciano-gospel. É bom que se diga que há grupos de fiéis, pastores e pastoras resistentes entre batistas e presbiterianos, dentre os quais posso destacar a Aliança de Batistas do Brasil e a Resistência Reformada.
Bolsonaro investe no fanatismo barato do rebanho que ainda se mantém fiel a ele, exatamente com esse processo de ocupação de “postos de poder” por personalidades evangélicas retrógradas, fundamentalistas e subservientes. Não é só um fenômeno do neopentecostalismo, como querem alguns. Como já foi dito, boa parte da liderança de igrejas históricas como batistas e presbiterianos lambem as botas do capitão em troca de favores e benesses.
A chegada ao Judiciário é peça importante no projeto de poder que desde o fim da década de 80 começou a circular nos arraiais evangélicos. E será muito celebrada, principalmente pela força que ganha em pautas absurdas como a inventada “ideologia de gênero” e a perseguição aos grupos minoritários, como LGBTQIA+ , indígenas (que terão cada vez mais seus territórios abertos à “evangelização”), negros e negras (com a intensificação do genocídio da juventude negra apelidado de “guerra às drogas” e a demonização de cultos de matrizes africanas).
Não! Não é um motivo de festa. É lamentável que a mais alta corte desse país tenha entre seus membros alguém que diminua o Direito, fazendo valer mais os seus dogmas religiosos em detrimento da Justiça comum a todos os brasileiros. É uma derrota gigantesca para um país que ainda engatinha em sua democracia e na busca de total autonomia e independência dos poderes que a sustentam.
Mais que nunca, um Estado verdadeiramente laico se faz urgente. Pra ontem!
Em tempo: Caso mude de ideia e convide outro (o que é bem comum neste desgoverno), o texto continua valendo por conta do projeto de poder...
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.