Nunca, em tempo algum após a 2ª Guerra Mundial, um governante, seja lá de onde for, teve a coragem de se abraçar sorridente a alguém abertamente ligado ao Nazismo.
Jair Bolsonaro o fez. Abriu as portas da sede da Chefia de Estado da República para Beatrix von Storch, neta de um ministro do 3° Reich, deputada e líder de uma organização extremista que reivindica as “glórias” do mais sombrio e genocida dos governos. Sim, Bolsonaro levou às entranhas do Brasil, abraçou, sorriu e tirou foto com uma legítima herdeira da atrocidade nazista.
Na linha da História, o regime instaurado por Adolf Hitler na Alemanha a partir dos anos 30 do século passado é visto como a face mais terrífica da crueldade humana. Não há espaço sob a face Terra para confraternizar com essa gente. Nem entre os cínicos e enrustidos.
Milhões de seres humanos foram incinerados em fornos, mortos pelo desespero da fome, envenenados como insetos e trucidados das maneiras mais brutais e inenarráveis de que se tem notícia até hoje. O Nazismo é o horror em estado bruto, uma rocha de malignidade que assombrará para sempre as gerações vindouras e também as gerações passadas.
A ascensão da AfD (Alternativa para a Alemanha) foi uma vergonha e uma quebra de um tabu para o próprio povo alemão. A imprensa não sabia como falar daquilo, os alemães que encontrei mundo afora nessa época ficavam rubicundos e com a voz embargada de ter que falar sobre isso, afinal, havia milhares de compatriotas que estavam dispostos, 70 anos depois, a defender o legado da página mais sinistra e funesta da História.
Essa gente é tão grotesca e daninha que em seu próprio país é monitorada pelos serviços de inteligência. Políticos de diferentes matizes se recusam a participar de debates com a presença dessa corja assassina. Empresas se recusam a fazer seu material de propaganda. Jornalistas se recusam a entrevistá-los.
É gente que prega o ódio, a maldade, o terror, o racismo, a homofobia, o eugenismo, a islamofobia, o antissemitismo. Gente que prega a morte e que vê nela a solução, como política de Estado, para seu país e para o mundo.
A insanidade política de Bolsonaro não vê limites, não percebe até onde pode ir quando quer parecer abjeto. Absolutamente tudo vale para esse homem. Se pretende chocar as pessoas, os brasileiros, o mundo, não estabelece uma linha que sirva como escala máxima.
Foi na esteira dessa completa falta de limites que o presidente da República levou para dentro do Palácio do Planalto uma figura que é pária no cenário político internacional. Ninguém acena para Beatrix von Storch, ninguém a recebe, ninguém a responde, ninguém a cumprimenta. Ela é um ícone do ódio.
Mas na ruindade macabra e infinita de Jair Bolsonaro e de seus filhos, ela tem lugar, sim.
Ela é convidada de honra do homem que deveria zelar pela imagem do país e defender a nossa dignidade como nação.
Um brinde ao Brasil e à Alemanha dos párias.
Um brinde a Jair e Beatrix.
Vida longa aos dois, até que o diabo lhes cobre a fatura.