Esta semana tive uma experiência interessante. Não que ela não tenha acontecido outras vezes, mas dessa vez com maior intensidade. Na minha última coluna, o título do texto foi “Abram as Igrejas, por favor!” e o texto era totalmente contrário à abertura de igrejas para reuniões neste momento de pandemia. Um recurso literário bem comum de afirmar uma coisa no título e destruí-lo no texto em si.
Por ser um público majoritariamente de esquerda, a gente às vezes pensa que as pessoas não sofrem do analfabetismo funcional que grassa do “lado de lá”. Ledo engano! Essa praga se alastrou por todo canto. E mais que a falta de leitura e interpretação de texto, uma nova versão dos “intelectuais de orelha” (aqueles que leem as orelhas dos livros e já opinam sobre ele) surgem então os “lacradores de títulos”. Não preciso ler um texto, basta ler o título e eu já chego às minhas conclusões. Triste realidade...
E um agravante, quando há o termo evangélico/pastor na chamada do texto aí é que o “senso comum” prevalece e as críticas vêm pesadas. Tive que ler, sobre mim, as seguintes frases:
"E isso ai os pastores estão ansiosos (sic) para ganhar da grana de dizimo (sic)."
"Tá na hora dele pegar um presídio pra converter alguém, eu apoio"
"Penso que o Pastor, e os seus seguidores caso venham precisar de leitos, que vão pro final da fila!!! E quanto a vacina (sic), penso que deveriam abrir mão né irmão, pois Jesus cura!!!”
“Está falando isso porque está com seu gordo salário ameaçado”
Por essas e outras é que a “esquerda” joga os evangélicos “no colo” do bolsonarismo. Não admitem que há uma disputa de narrativas e de mentes e corações. Não conhecem o trabalho que nós, evangélicos progressistas, desenvolvemos e, antes mesmo de nos ler e nos conhecer, já nos criticam. Isso sem contar a desonestidade intelectual de criticar um texto, seja ele de quem for, sem ao menos se dar ao trabalho de lê-lo. Precisamos mudar isso, se é que desejamos que o país mude.
Uma coisa é certa: leiam antes de criticar. Qualquer texto que seja, do autor mais abjeto que conheça, ou não leia, mas também não critique. Por essas e outras muitas vezes embarcamos no jogo pesado das fake news e podemos “cancelar” (já que isso está na moda) pessoas que não deveriam passar por essa situação. Temos muito a perder na crítica pela crítica. Esse é o jogo deles, o velho e asqueroso “mas e o PT?”, que no meu caso foi “Pastor? Só pode estar falando merda!”.
E vamos em frente, lendo e criticando, não desistindo de construirmos um Brasil melhor, com TODAS as forças progressistas possíveis. Não temos tempo a perder com fogo amigo e muito menos, com críticas vazias de conteúdo e repletas de pré-conceitos. Um outro mundo é possível!
Eu creio!
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.