O Reio Unido decidiu esta semana que trabalhadoras e trabalhadores de aplicativos terão direito a salário mínimo, férias e previdência [1]. Luta histórica nos mais diversos países, a decisão representa um precedente importante para a batalha dessa fração da classe trabalhadora em todo o mundo.
Enquanto isso, no Brasil, que não apenas não aceita a regulamentação de seus direitos, como vai além, destruindo a regulamentação do trabalho que já existia, com a reforma trabalhista pós-golpe de 2016, nesta quarta ocorre nova paralisação nacional.
A comparação entre o caso do Reino Unido e do Brasil nos deixa uma reflexão: se em um caso há Trabalhadores x Empresários e, no outro, colaboradores e empresários, por que não um arranjo sem os empresários?
Aliás, se as corporações gastam rios de dinheiro para convencer o povo de que os motoristas são “autônomos”, como fez nos Estados Unidos em recente referendo [2], o que achariam se, quando no governo, a esquerda criasse um aplicativo público, com taxa de uso apenas para cobrir o custeio do sistema, diferentemente dos 25% retidos hoje [3], de modo que os trabalhadores ficassem com a quase totalidade da riqueza por eles produzida?
Além da missão de pautar novas proteções trabalhistas, que revoguem a contrarreforma de Temer e estabeleçam direitos a estas categoriais, a esquerda também precisa se conectar com as demandas imediatas desses trabalhadores, como a criação de um aplicativo público, firmando as bases para que eles fujam da exploração imposta por estes oligopólios tecnológicos.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.
[1] https://www.bbc.com/news/business-56412397
[2] https://jacobinmag.com/2021/01/uber-lyft-prop-proposition-22-california