A maioria do povo brasileiro a esta altura está convencida de que: a) Bolsonaro foi eleito em 2018 mediante um golpe e uma fraude eleitoral (golpe patrocinado pela direita, especialmente por Sergio Moro e Deltan Dallagnol –, que condenaram Lula para que ele não disputasse a eleição, e fraude com as fake news, que assegurou a eleição do capitão reformado); b) Bolsonaro não combate a corrupção como prometera na eleição, haja vista os constantes escândalos envolvendo ele próprio e sua família, somado à sua aliança com o centrão; c) não melhorou a economia, posto que o PIB (Produto Interno Bruto) teve queda de 4,1% em 2020, 14 milhões de pessoas estão desempregadas; d) em pouco mias de dois anos de desgoverno tem-se o seguinte quadro: mais gente na pobreza, mais gente passando fome, mais de duas mil mortes por dia, centenas nas filas esperando uma vaga num leito, além de outros agonizando por falta de oxigênio.
A esmagadora maioria da população começa a se dar conta de que o governo Bolsonaro, ao contrário de proporcionar melhores condições de vida, está levando o país a um caos econômico, social e uma tragédia sanitária sem precedente na História do Brasil. A política econômica regida pelos interesses do sistema financeiro, destinação de recursos para o pagamento de juros e encargos da dívida, teto de gasto e corte de investimentos nas áreas sociais, está provocando uma quebradeira de milhares de pequenas e médias empresas e jogando o povo num abismo social, sem esperança!
O retrato da barbárie social em que se encontra o país é o aumento da população em situação de rua, a fome e a pobreza que assola 52 milhões de pessoas. Bolsonaro nada faz para evitar essa tragédia que envergonha o Brasil. Muito pelo contrário, efetua corte de recursos nas áreas da habitação, saneamento, saúde, educação, cultura, emprego e agricultura familiar.
Nota-se um aumento da indignação contra o governo Bolsonaro. Exceto seus seguidores fanáticos que não ultrapassam os 30% da população (ainda acho alto) e seu poderoso bloco de sustentação (os militares, as forças da burguesia financeira, agrária e os grupos milicianos). Hoje, cerca de 70% da população não votaria na reeleição de Bolsonaro.
Com a redução do auxilio emergencial de R$ 600 para R$ 250, apenas por quatro meses, aumento do desemprego, número de mortes, demora na vacinação, inflação dos alimentos e disparada do preço dos combustíveis, a tendência é crescer ainda mais a indignação do povo contra Bolsonaro.
A situação no Brasil está chegando próximo de um ponto de saturação, ou curto-circuito, tamanha a desigualdade social. A pobreza está se avolumando de tal modo que as pessoas voltaram a cozinhar a lenha por não terem dinheiro para comprar gás. Só falta tomarem soro caseiro para suportar a fome.
O papel dos movimentos populares, sociais, sindicais e partidos de esquerda (reunidos nas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo), é expor ao máximo as mazelas causadas pelo projeto ultraneoliberal, fascista, conservador e autoritário em curso no país.
Mesmo com a limitação imposta pela pandemia da Covid-19, surgem mobilizações das mulheres, sem-terra, sem-teto, professores, petroleiros, ambientalistas, camponeses e funcionários públicos. Esses segmentos têm lutado contra as privatizações, pela vacina já e fortalecimento do SUS, auxilio emergencial de 600 até o fim da pandemia e proteção do emprego. Com isso, temos conseguido impedir um avanço mais acelerado das reformas neoliberais.
A anulação das condenações do ex-presidente Lula abre uma avenida enorme para uma oposição popular mais contundente, com possibilidades concretas de retomar a ofensiva da esquerda e dos movimentos populares. A possibilidade de Lula vir a encabeçar uma chapa do campo democrático e popular na eleição de 2022, com real chance de vitória, é um marco fundamental na correção de força do período.
Tanto Bolsonaro, como a forças de direita que tentam articular uma candidatura de oposição de direita ao capitão, irão fazer de tudo para impedir o avanço da força de Lula. Quando mais se prolonga a crise econômica, o desemprego, a demora da vacina e perda de popularidade, Bolsonaro irá jogar com o medo e o caos social, para tentar tirar proveito e se firmar perante sua base de sustentação. Certamente aumentará seu viés autoritário, com ameaças de ruptura democrática e desqualificação de opositores.
De nada adianta. Com a situação econômica, social e sanitária chegando próxima de um ponto de saturação ou curto-circuito, a tendência é a insatisfação com seu governo crescer ainda mais. E cabe a nós, não esperar a eleição de 2022, mas estarmos, agora, sintonizados com a preocupação da sobrevivência da população, organizando uma ampla mobilização popular que assegure ao povo renda, comida e vida. Se assim o fizermos, no ano que vem o povo reconhecerá que no momento mais difícil estávamos ao seu lado.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.