Acompanhando diariamente a luta do Padre Júlio Lancelotti, meu xará de nome e irmão de luta, não resisti e fiz essa pequena homenagem a ele.
Afeito a fazer canções, me arrisquei em poema em forma de cordel. Uma pequena e modesta homenagem a este grande homem e sua luta. Segue abaixo:
Padre Júlio
Há um padre lá na Mooca
No coração da cidade
Que olha todos e evoca
O evangelho, a bondade
Àqueles que ninguém sabe
Àqueles que ninguém vê
Que ninguém mais se assombra
O padre lembra a você
Há um padre lá no centro
Que cuida dos que estão fora
Que encara a vida de dentro
Quando a morte apavora
O padre que abre a porta
Diante do nunca visto
Abre com seu peito aberto
E o evangelho de Cristo
O padre sofre atentado
Xingamento e agressão
E quanto mais abusado
Mais o padre ergue a mão
E diante da dor doída
O padre avisa contrito:
“Não se humaniza essa vida
Sem a luta e o conflito”
O padre limpa a ferida
Abraço o corpo e sorri
Cede o prato de comida
Beija os pés da travesti
E nas sandálias do padre
Num caminho nunca visto
Por mais que a canalha ladre
As cinco chagas de Cristo
Quem tem o chão como cama
E como teto a lua
O Padre Júlio proclama
Como seu irmão de rua
E antes que a vida acabe
E que o diabo dê o bote
Há um Padre lá na Mooca
O Padre Júlio lancellotti
(Julinho Bittencourt)