Lumena e Karol são tóxicas, sim. Mas, qual foi o ambiente político-acadêmico-social que estimulou esse tipo de pseudo"ativismo"? A responsabilidade é só dos algoritmos do Facebook, Instagram, etc.? Será que não há um zeitgeist que regou essas sementinhas, até o dia em que a lacração, a cultura do cancelamento, o hiper-identitarismo liberal virassem essas coisas tão fortes? O desprezo pela história e trajetória do movimento feminista, antirracista e LGBT não contou para esse caldeirão? Trocar a ideia de mudar o mundo pela ideia de "representatividade" nada teve a ver com isso? Descartar a esquerda, o engajamento coletivo e cultivar o "eu comigo" no "lugar de fala" – toscamente entendido, será que não ajudou essa desgraceira?
Importar, na academia, conceitos liberais norte-americanos dos anos 1990 numa salada essencialista não ajudou a criar esse caldo?
"Branquitude" é conceito universal, tem classe, gênero, história, território? Ou é puro essencialismo que virou modinha?
Miseráveis brancos tem "privilégios"? Ou só talvez, quem sabe, sejam menos ferrados que miseráveis pretos?
Somos anticapitalistas? Somos contra as estruturas opressoras (cis-heternormativas, patriarcais, racistas, burguesas), ou combatemos pessoas brancas, cis e heterossexuais?
Quando foi que enterramos Marx e Angela Davis e viramos base do irmão do Luciano Huck?
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.