As duas primeiras temporadas da série espanhola “La Casa de Papel” são impecáveis. A partir de uma ideia ousada e que afronta o sistema financeiro internacional, um grupo de ladrões invade a Casa da Moeda do país, em Madri, mas não para roubar e sim para imprimir dinheiro.
Realizada com atores muito conhecidos na Espanha, a série ganhou o mundo de maneira vertiginosa, tanto pelas atuações quanto pelo inusitado da história. Bonitos e carismáticos, os personagens ganharam nomes de grandes cidades do mundo e arregimentaram milhares de fãs.
A partir do seu personagem chave, o Professor, situações completamente inesperadas e bem engendradas se desenvolvem provocando reviravoltas sucessivas. O espectador, assim como o público na porta da Casa da Moeda, torce desmedidamente pelos pretensos criminosos que, além de inverterem a lógica do capitalismo, formam bolhas de excluídos.
Série requentada
Concluído o primeiro grande golpe, o sucesso enorme levou a Netflix a reinventar a série. Praticamente a mesma fórmula anterior é requentada e a turma volta acrescida de outros personagens, também batizados com nomes de cidades famosas.
O que se vê dai em diante, apesar de divertido, não é nem sombra do que foram as temporadas originais. “La Casa de Papel” vira algo mais parecido com um filme de ação repleto de clichês. O que era, até então, equilibrado e encaixado em uma sequência de situações inteligentes e surpreendentes, vira um sem fim de explosões, tiroteios e congêneres.
Os ardis do Professor vão se tornando monótonos e cada vez mais previsíveis e a serie passa a ser uma sombra distante do que foi nas duas primeiras temporadas. A Netflix, ao contrário do que apregoa a série, caiu na própria armadilha e resolveu imprimir dinheiro com ela.
A despeito de tudo isso, as temporadas que se seguiram às originais garantem boa diversão e um final que ainda tenta alguma coerência.