As manifestações pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro reuniram, no último sábado, mais de 700 mil pessoas em 304 cidades brasileiras e em 18 países. Contra os desmandos na área da Saúde, o descaso que contribui para a morte diária por Covid e que já fez quase 600 mil pessoas perderem a vida, em defesa da democracia, da soberania, da geração de emprego e renda, este sábado (2) foi mais um dia de verdadeiro pesadelo para Bolsonaro.
Sufocado pelos protestos que crescem e cada vez mais isolado politicamente, Bolsonaro teve um fim de semana de tirar o sono, ao ver entrar para a lista de seu governo mais um caso escandaloso de corrupção envolvendo seu braço direito, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Os dois integrantes do alto escalão do governo tiveram seus nomes envolvidos em documentos que revelam contas em paraísos fiscais de políticos e celebridades pelo mundo. São as chamadas offshores, usadas para ocultar dinheiro ilícito, para esconder recursos de origem duvidosa e sonegar impostos. As offshores foram usadas por Guedes e Campos Neto para guardar milhões vindos não se sabe de onde. Esta é sim uma revelação gravíssima, até porque o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe que funcionários do alto escalão do governo mantenham aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior.
É mais uma prova evidente de que Bolsonaro e os integrantes de seu governo dão de ombros para as precárias condições em que vive o povo. Enquanto pessoas em situação de vulnerabilidade social se amontoam para comprar e aproveitar restos de carne em ossos, integrantes do governo acumulam capitais em paraísos fiscais. Enquanto o povo come osso, Guedes esconde 51 milhões fora do Brasil. Fazendo jus ao projeto de destruição adotado por Bolsonaro, Paulo Guedes põe em curso um plano econômico que dá para o Brasil um saldo de 15 milhões desempregados e cerca de 35,6 milhões de trabalhadores na informalidade.
Com a inflação atingindo um pico que está longe de ser o limite, a carestia dos produtos voltou a patamares de décadas passadas. Alimentos como arroz, feijão, carne, frango, leite e até ovos dispararam e estão cada vez mais difíceis de chegarem à mesa do trabalhador e da trabalhadora. O gás de cozinha virou artigo de luxo e muitas famílias já estão cozinhando com lenha. O preço da gasolina disparou, assim como outros derivados de petróleo. E não há outro culpado por este desastre na economia. A culpa é do Bolsonaro e do Guedes, inimigos do povo.
Com o desemprego, a carestia dos produtos e a falta de políticas públicas para todas as áreas, a fome voltou. Hoje 19 milhões de pessoas enfrentam a falta do que comer. Uma vergonha, já que o Brasil está entre os líderes mundiais na produção de alimentos. Essa é a equação do capitalismo: o agronegócio aumenta seus lucros, enquanto o povo se priva da comida no prato e é jogado na miséria.
Não é só a Covid que está matando o povo coletivamente, a falta de políticas públicas para a moradia, para a educação, para a geração de emprego e renda também. O país vive um dos piores momentos com problemas sociais, econômicos e, em especial, com a área da Saúde. O Brasil é o pior país na gestão da crise da pandemia de Covid e, infelizmente, se aproxima do assustador número de 600 mil vidas perdidas para a doença, grande parte devido ao negacionismo e à omissão do governo Bolsonaro.
Em um ano e meio da pandemia de Covid instalada no Brasil, Bolsonaro em nenhum momento governou em favor da saúde do povo. Ao contrário, a lista de investidas contra a vida é grande, vão de desde o incentivo ao não cumprimento de protocolos de prevenção à doença, como uso de máscara, à adoção de medicamentos sem nenhuma eficácia e, em muitos casos, prejudiciais à saúde. O chamado Kit Covid, por exemplo, foi tão defendido por ele, que agora vem à tona o escabroso caso que coloca o grupo Prevent Senior no centro do maior escândalo médico da história do Brasil. Medicamentos como Hidroxicloroquina, Cloroquina e Ivermectina foram usados à larga, mesmo sem apresentarem resultados positivos de combate ao coronavírus, e atestados de óbitos foram alterados para esconder a causa mortis por Covid. Mais um caso que entra para apuração da CPI da Covid, que também tem em seu rol de barbaridades as irregularidades envolvendo a compra de vacinas contra a Covid, doença que tanto sofrimento trouxe e continua trazendo ao povo.
A pauta social é grande no nosso país e a saída do Bolsonaro do poder é urgente. Temos um número recorde de desempregados, 19 milhões de pessoas passando fome, a miséria aumentando, além dos atentados contra a democracia. De um lado estamos nós, defendendo a saúde e a vida; de outro está Bolsonaro e seus apoiadores, disseminando o negacionismo e defendendo o armamento da população.
As manifestações do dia 2 de outubro foram um ultimato ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que precisa parar de fazer papel de paisagem e entender de uma vez por todas o que as ruas exigem: o impeachment do Bolsonaro.
Nós não vamos esperar 2022 para que Bolsonaro deixe o poder, até porque corremos o risco de não termos eleições e, se tiver e Bolsonaro não ganhar, podemos ser vítimas de um golpe, como ele já ameaçou. O afastamento de Bolsonaro tem que ser já: o povo clama por isso!
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum