Primeiro texto do ano. E parece que já retrocedemos mais uma década. Armação em Santos para o “mito” mergulhar nos braços dos seus admiradores contratados, o mundo sendo vacinado e nós ainda sem previsão alguma, mais e mais aglomerações (principalmente em bairros nobres e com gente de classe média alta) e a curva de mortes aumentando assustadoramente.
O que fazer? Encho a alma de poesia e profecia e sigo adiante:
“Des-esperar? Jamais!” Aprendi cedo com Ivan Lins que “apesar dos castigos, apesar dos perigos, estamos em cena, quebrando as algemas, pra sobreviver...” Sabemos que uma hora os reis de espadas, de copas, de paus... Cairão! Então, “nada a temer, senão o correr da luta”.
Esperançar é o verbo para 2021. Contra tudo e contra todos, esperancemos!
Esperancemos por conta das muitas transexuais e mulheres negras que assumiram seus mandatos parlamentares em todo o Brasil, esperança de revolução e mudança em nossas tão combalidas e machistas câmaras de vereadores.
Esperancemos pelos negros que se levantam nos esportes contra o racismo e já não admitem continuar uma partida enquanto o racista não for posto para fora.
Esperancemos pelas mulheres argentinas que conseguiram depois de anos de luta o direito a, pasmem, ditar as regras ao seu próprio corpo. Que esse vento potente que sopra pela América Latina chegue ao nosso Brasil tão violento e estúpido.
Esperancemos por aqueles que enfrentam um governo genocida e lutam pelo direito de todos serem vacinados o mais breve possível.
Esperancemos mesmo contra todo o pessimismo que nos abate. Em determinado momento de sua história, a Bíblia diz que “Abraão esperou contra a esperança”, o que sempre me remete ao pensamento já quase tatuado em minha alma, de Frei Betto: “Guardemos o nosso pessimismo para dias melhores”.
Esperancemos!