Não era preciso profecias sobre o que ocorreria no país após as festas de fim de ano. O aumento do número de casos e óbitos de Covid-19 no Brasil nas últimas semanas com certeza é consequência das aglomerações das festas de fim de ano e isso não deve ser tratado com negligência.
Aquilo que foi avisado ao longo dos meses de dezembro e janeiro, sobre as aglomerações de happy hour, festas de empresas, réveillon e mesmo de encontros em espaços sem readequação estrutural ou com medidas de segurança necessárias. Agora chega a conta altíssima, com o aumento das internações e óbitos pela doença. E, infelizmente, o governo federal não coloca em marcha o que seria a medida mais efetiva: um plano de vacinação para todas e todos. Só assim podemos salvar não só as vidas, mas também recuperar a economia.
Temos hospitais na cidade de São Paulo que atingiram, nas últimas semanas, recordes de internações e o Brasil voltou a ter mais de mil mortes por dia por Covid-19. Toda vez que isso ocorre, se controla o contato entre as pessoas, em especial nos espaços como bares e restaurantes, principalmente no período noturno, quando há maior consumo de bebidas alcoólicas, situação em que as pessoas, muitas vezes, ficam mais propícias a não usar máscara. Esses locais têm sido importantes na transmissão de casos e surtos de aumento.
O crescimento sustentado no número de casos e mortes gera pressão no sistema de saúde e é a primeira vez que todas as regiões do Estado de São Paulo apresentam taxa de transmissão de replicação da Covid-19, o que mostra a doença em evolução.
As medidas de fechamento de setores do comércio, como restaurantes e bares a partir de certo horário em todo o Estado preocupa os donos e os funcionários desses estabelecimentos, porque também afeta o planejamento. Mas é preciso que todos tenham consciência da experiência de 2020: não há escapatória, seja em São Paulo, Manaus, Londres, Madrid ou Paris.
É necessário que haja menos pessoas circulando nas cidades, mas com medidas que auxiliem os empresários de bares e restaurantes. Por isso, é imprescindível o retorno do apoio dado aos comerciantes, proprietários de bares e restaurantes, com as iniciativas aprovadas pelo Congresso Nacional. Essas medidas precisam ser reeditadas em 2021 para que não haja quebradeira geral neste setor que emprega muitas pessoas.
Outra questão é a discussão da generalização dos estabelecimentos, porque faz com que aqueles que se comprometeram a se adequar fazendo reformas, privilegiando espaços abertos e cumprindo um conjunto de normas para funcionamento, acabem sendo tratados da mesma forma que outros estabelecimentos que não tiveram o mesmo comprometimento.
Inclusive, os critérios de compras dos governos federal, estaduais e municipais poderiam ajudar nisso. Os milhões gastos em leite condensado por Bolsonaro poderiam ser utilizados para apoiar esses estabelecimentos, para suportar as dificuldades vividas neste momento, fazendo contratações de refeições nestes lugares, por exemplo.
Por isso, esse planejamento deve ser melhor estruturado. Não dá para viver nesse plano ioiô, de fecha e abre do governo do Estado de São Paulo. A defesa da vida deve ser colocada em primeiro lugar e as medidas e iniciativas de segurança para sobrevivência do setor comercial devem ser melhor elaboradas, com critérios de planejamento levando em consideração as consequências deste momento pandêmico.