Fiquei perturbado com as cenas que chegavam de Manaus durante todo o dia de ontem. Gritos, choro, desespero. Gente carregando imensos e pesados cilindros de oxigênio nas costas, invadindo a recepção dos hospitais na tentativa de salvar seus entes. Médicos saindo em disparada com seus carros particulares para empreender uma busca insana pelo suprimento.
Mortes. Muitas mortes. Brasileiros mortos por asfixia.
Do outro lado, declarações mornas e evasivas. A bobajada habitual. O homem que chefia o país e que não pode receber a notícia da morte de um PM que já corre para o velório para dar seu showzinho não vai a Manaus. Não dá ordens expressas. Aliás, não toca diretamente no assunto. Como um facínora, ignora a hecatombe sanitária.
O que estamos vivendo diariamente no Brasil é uma estratégia mórbida, proposital, para turbinar o número de mortos na pandemia. Não é uma simples e grave incompetência que provoca uma tragédia. Na guerra ideológica e doentia e na psicose do bolsonarismo, os órgãos, funcionários e equipamentos federais não são empregados por determinação de pessoas. É um crime de caráter hediondo e essa gente tem que responder por isso.
Diariamente insistem na idiotice do tratamento precoce (que não existe em lugar nenhum do mundo) e pressionam governos locais a adotarem um coquetel de medicamentos sem qualquer ação sobre a doença ou sobre o vírus.
Enquanto artistas, esportistas e celebridades corriam desesperados para tentar construir uma solução para o problema, o que vimos da parte de Jair Bolsonaro e de Eduardo Pazuello foi um desprezo debochado e cínico.
Chegaram a dizer que a Força Aérea Brasileira não tinha um avião cargueiro para levar os cilindros. Qualquer idiota faz uma busca na internet e descobre que o inventário de aeronaves da FAB faz dela a maior força aeronáutica da América Latina. Há mais de 30 aeronaves de grande porte empregadas no transporte de cargas em nossa frota. Sim, nossa! A FAB é do povo brasileiro, não é propriedade particular de burocratas ociosos que passam o dia brincando de Forte Apache.
Para transportar a pérola fecal do Vale do Ribeira há jatos, helicópteros, comboios formados por carros blindados, viaturas e ambulâncias. Na hora de dar uma ordem para que uma aeronave Hércules C-130, ou um novíssimo Embraer KC-390, decole para salvar a vida de centenas de brasileiros que agonizam sem ar o que vemos são desculpas esfarrapadas.
As pessoas estão morrendo sufocadas e o joguinho nojento dos desalmados segue a todo vapor. Ações deliberadas e propositais dificultam tudo, ao passo que olhamos incrédulos para o matadouro patrocinado pelo governo federal.
Como chegamos a esse ponto? Não há humanidade dentro desses personagens esdrúxulos que embarcaram numa seita liderada por psicopatas e que hoje não conseguem mais raciocinar? Gente morta na agonia da falta de ar, autoridades fingindo não ver e uma turba de loucos falando de combater o comunismo.
O que aconteceu com a gente?
Aos irmãos brasileiros de Manaus e de todo o Estado do Amazonas, saibam que os nossos corações, com humanidade, estão aí... Vamos enfrentar isso juntos.
Aos genocidas, o cárcere!