Sari Corte Real é esposa de Sergio Hacker, prefeito de Tamandaré, do PSB, partido que detém enorme poder em Pernambuco, mas é necessário dizer com todas as letras o que se passou!
NÃO CHAMEM HOMICÍDIO DE ACIDENTE! MIGUEL NÃO FOI VÍTIMA DE ACIDENTE! MIGUEL FOI VÍTIMA DE HOMICÍDIO! NÃO OMITAM O NOME DA HOMICIDA! ESSE CRIME TEVE AUTORIA!
O delegado do caso instaurou inquérito por HOMICÍDIO CULPOSO, pois Sari, a patroa, detinha a guarda legal temporária de Miguel, enquanto Mirtes, a mãe, estava passeando com o cachorro.
Vídeos mostram que Sari colocou Miguel sozinho no elevador de serviço.
Sari foi autuada e liberada para responder o processo em liberdade, mediante fiança.
Se fosse o contrário, vocês acham que Mirtes responderia em liberdade?
Muita gente tem defendido a tese de que, inclusive, houve homicídio DOLOSO, configurado dolo eventual. Afinal, que adulto coloca uma criança de cinco anos, que está chorando pela mãe, sozinha, num elevador, e não calcula a possibilidade de um acidente?
Houve sim o cálculo de risco, porque com certeza essa adulta não faria o mesmo com os próprios filhos, ciente do perigo dessa conduta de abandono.
No caso de Miguel, é mais grave. Ele é morador do Barro, bairro pobre. Qual sua familiaridade com elevadores e andares altos?
Trata-se de evidente desprezo e coisificação da vida negra, herança de nossa cultura escravocrata e racista.
Miguel era um menino robusto e alegre, diz sua tia. Ela não acredita na justiça dos homens. Com essas palavras, ela define o racismo institucional do judiciário. Ela acredita na justiça de Deus. Com essas palavras, ela diz e sabe que Sari matou seu sobrinho.
Eu também não acredito na justiça dos homens. Mas não podemos endossar mais essa violência, por trás da nossa omissão.
Não foi acidente. Não foi acidente. Não foi acidente.
Termino com duas observações, sobre local e data.
O local onde Miguel foi vítima de homicídio foi as famigeradas Torres Gêmeas, esse lugar horroroso que tem essa energia do mal, do crime, da corrupção. Elas são um aborto em nossa paisagem e cenário de vários escândalos, desde que a Moura Dubeux as ergueu, entre liminares. Nesse momento, mais do que em outros, queria que a sentença demolitória do juiz Hélio Ourém tivesse sido executada.
Sobre a data: Miguel morreu no dia em que a PEC das Domésticas completou cinco anos! E é assim que se celebra o aniversário da legislação de proteção das Domésticas, o que diz muito sobre nosso país que não superou sua herança escravagista.
Miguel, presente!
Deus te ilumine, te abençoe, te acolha, te dê um paraíso de paz, de amor e de alegria!
*Liana Cirne Lins Professora da Faculdade de Direito da UFPE