Paulo Galo: "Quem convence para a luta é a vida"

Nossa luta tem a ver com você. A uberização do trabalho é global, como foi a revolução industrial. A uberização vai chegar em você.

Montagem
Escrito en OPINIÃO el

Temos discutido muito sobre a precarização do trabalho e a vida dos trabalhadores precarizados nos sindicatos, nas centrais e agora na mídia neoliberal, aquela que sempre estimulou a alienação da classe trabalhadora e usa termos como "empreendedor", "colaborador", nunca trabalhador. A mesma mídia que fez campanha para a "deforma" da previdência, pela aprovação da PEC da morte (a EC95) pela "deforma" trabalhista.

Agora, essa mesma mídia, como nos fins da década de 1970 foi obrigada a tirar a venda dos olhos que invisibilizava a luta dos metalúrgicos do ABC, está sendo obrigada a ver que o trabalhador que entrega comida e sai de bicicleta da zona Sul de São Paulo para chegar à Paulista, depois de pedalar duas horas, é precarizado e resolveu se organizar.

Paulo Lima, mais conhecido como Galo, é um trabalhador de aplicativo e começou a organizar outros companheiros de trabalho. Nesta entrevista para o jornalista Ivan Longa da Fórum, ele conta sua experiência de vida, trabalho, as relações do trabalhador com os aplicativos e como ele decidiu dialogar com seus companheiros para se organizar e fazer críticas e, principalmente, fazer a luta contra a superexploração do trabalho e contra o fascismo.

Vale muito a pena ouvir o que ele tem a nos dizer. Ele é a prova viva de que a luta educa e que a consciência de classe se constrói na luta. Ele sabe que é trabalhador e não "empreendedor", ele conhece na pele a barbárie da exploração capitalista de um companheiro que mora nas periferias de Brasília (as cidades satélites) e tem de ir para o plano piloto sem ter ponto de apoio para esquentar a marmita, carregar o celular (que é seu principal instrumento de trabalho) ou ir ao banheiro.

Esta é uma excelente oportunidade para os trabalhadores organizados oferecerem solidariedade e fortalecerem a luta da classe trabalhadora.

A crítica que ele faz ao ataque aos direitos e à relação de superexploração das startups, vendidas no discurso neoliberal como exemplo de sucesso, é didática.

"O capital quer ver você se endividando e quando você se endivida ele te trata como lixo. O dinheiro não é tudo, você corre atrás do dinheiro e não tem tempo para dar um beijo no seu filho. Eu sou classe trabalhadora, eu tô nessa luta para mudar o mundo", diz Galo e, num dado momento da entrevista reafirma com veemência: "nada de paralisação, eu faço greve, greve, greve, greve e tenho orgulho disso, sou classe trabalhadora!"

A pauta da greve do dia 1° de julho é ampla: motoboys morrem em acidentes, porque ao tentarem pedir ajuda nos aplicativos falam com robôs. Até as sacolas e roupas eles precisam comprar. Não tem qualquer vínculo empregatício e ganham 1 real por quilômetro rodado, valor que diminuiu durante a pandemia.

Por isso, no dia 1° de julho, apoie os trabalhadores de aplicativos, siga as recomendações de Galo: faça sua comida, faça um banquete para sua família, dance com sua filha, não peça comida pelo aplicativo. Essa é a forma de você se ajudar e ajudar os trabalhadores de aplicativos.

Se ainda não conhecem Paulo Lima, o Galo, não percam esta entrevista.

https://www.youtube.com/watch?v=hzqcDkKJZQ4