Vitor Menezes*
Muito se tem falado, com razão, sobre o papel importante que o jornalismo tradicional tem desempenhado neste período de pandemia. A imprensa tem sido, mesmo com as suas falhas e idiossincrasias, mesmo com seus vínculos ideológicos e financeiros, mesmo muito longe de ser popular e comprometida com as mudanças que a sociedade precisa, um referencial mais racional e ajuizado na divulgação de atitudes necessárias como a do isolamento social e o uso de máscaras. No caso brasileiro este papel mostra-se ainda mais essencial, em contraponto às insanidades que emanam das falas presidenciais.
Mas é preciso que outro tipo de imprensa seja lembrada também como vital, neste e em diversos outros momentos: a sindical. Fruto histórico das imprensas operárias e anarquistas, as mídias sindicais reúnem as produções de milhares de jornalistas e profissionais de áreas afins, como designers, videomakers, radialistas, blogueiros, entre tantos outros, além de dirigentes sindicais, para priorizar a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras na desigual relação patrão-empregado no mercado de trabalho.
É a imprensa sindical que, neste momento de pandemia, tem lembrado que não existe economia sem trabalho. Assim como tem denunciado o modo como muitas grandes empresas, que poderiam suportar com responsabilidade esse momento, estão preferindo a “janela de oportunidade” para cortar salários, direitos e empregos.
Também atuando na assessoria à imprensa tradicional, os profissionais da imprensa sindical têm gerado grande parte da informação a que a sociedade tem tido acesso, mostrando o lado dos trabalhadores e das trabalhadoras nesta pandemia. As condições precárias, as faltas de equipamentos de proteção, os números de contaminações no ambiente de trabalho, são algumas das realidades que, se você viu em algum veículo, provavelmente foi apurada, tratada e divulgada originalmente pelas estruturas de comunicação dos sindicatos.
Um grande salve, portanto, a todos os trabalhadores das imprensas sindicais de todo o país. Que continuemos indispensáveis à construção de um mundo melhor.
*Vitor Menezes é jornalista do Departamento de Comunicação do Sindipetro-NF
Texto originalmente publicado em Nascente 1138