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OPINIÃO
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Felipe Carreras foi jantado por Anitta, mas ainda foi pouco.
Carreras é empresário do entretenimento que faz grandes contratações por meio de seus cargos no estado.
Isso é um problema que parece uma caixa preta. Não há critérios democráticos para usar dinheiro público nessas contratações.
Para terem uma ideia, nossa rainha Lia de Itamaracá fez greve no último Carnaval e se recusou a subir nos palcos dos governos do estado, em razão do baixo cachê que ela receberia, por ser uma artista local, mulher e preta.
Essas grandes contratações, por outro lado, parecem uma máfia. André Rio já denunciou que lhe cobraram 50% do cachê de propina e sabe quem veio em defesa dos servidores que fizeram a cobrança da propina? Adivinharam. Felipe Carreras, à época secretário de turismo. Quem quiser, pode me pedir o link dessa denúncia.
Essa emenda de autoria de Carreras que toda a classe artística está denunciando, reflete exclusivamente os interesses de gente como ele, empresário de grandes shows, que nunca olhou para os artistas.
A MP 948 versa, a princípio, sobre assistência aos artistas que, em razão da pandemia, tiveram seus shows cancelados. Quem convive com a classe artística conhece a luta diária. Ser artista no Brasil não tem nada de glamouroso. É luta e peleja todo dia. Pra sobreviver, pra pagar boleto, contra a censura, em defesa da liberdade artística.
Mas, Carreras é um mauricinho que só chega perto de pobre em época de campanha pra fazer foto lá em quadra de futebol no Santos Dumont.
A má-fé de Carreras chegou nesse ponto de submeter "um jabuti" na MP 948, que seria pra beneficiar artistas prejudicados pela Covid-19, e incluiu essa emenda – que não atende a nenhum critério de urgência para ser votada como medida provisória – para, mais uma vez, como empresário, lucrar em cima da classe artística.
A gente tem que dizer não a essa emenda, mas isso é pouco. Chega de sermos representados por mauricinhos como Carreras nas áreas culturais estratégicas.
A gente não pode mais considerar normal esse tipo de gente usurpar o lugar que deveria ser ocupado por quem realmente está na labuta da cultura, todo dia.
O próximo secretário da cultura tem que ser Maciel Salú, tem que ser Lia de Itamaracá, Cannibal, Isaar, Guitinho da Xambá, Fabiana Pirro, Claudio Ferrario, Paula de Renor...
Tem que ser gente nossa, que faz cultura, e não empresário que explora quem a faz.
Que esse episódio todo seja só o começo desse debate.
*Esse artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum.