Parlamentares e membros do governo precisam ser ouvidos no inquérito da PF

Leia na coluna de Cleber Lourenço: Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro e o assessor especial da presidência sinalizaram que sabiam com antecedência da operação contra Witzel. Teria isso alguma relação com a suposta Abin clandestina de Bolsonaro?

Bolsonaro e Carla Zambelli (Reprodução)
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Antes de começarmos esse assunto, precisamos delimitar algumas coisas. O problema não é a operação. Os alvos já eram investigados e as denúncias possuem fundamento. Há dias estamos assistindo reportagens sobre as suspeitas na saúde do Rio de Janeiro e os problemas e atrasos nos hospitais de campanha.

Porém, o grande problema dessa situação toda são seus “promotores”. Nós temos a deputada Carla Zambelli falando na véspera da operação, dando a entender que sabe de alguma coisa, e no dia seguinte ainda lista nominalmente os estados que devem ser alvos da operação.

No mesmo dia presidente elogia a PF pela operação contra um governador que é seu oponente político, na véspera da operação descobrimos que o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, faz uma publicação no mínimo suspeita e sugestiva.

E para fechar o show de horrores, temos o Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, dois dia antes, comentando uma publicação do governador Wilson Witzel com um cronômetro e nada mais.

https://twitter.com/ocolunista_/status/1265365596931227648

A situação fica mais complicada para o Procurador-Geral da República. Será que a PGR fará oposição caso seja necessário convocar os envolvidos para prestarem depoimento?

Delegados X agentes

A situação deflagrou um conflito entre agentes e delegados da Polícia Federal. Uma nota da Federação Nacional dos Agentes da PF (Fenapef) deu a entender que a Associação dos Delegados da PF poderia ser a fonte das informações da deputada Carla Zambelli. A nota diz:

“é conhecido e notório o vínculo da parlamentar com a Associação de Delegados, desde quando era líder do movimento Nas Ruas. Esse laço se demonstra pela participação de Zambelli em eventos, vídeos e homenagens. A Fenapef defende a apuração, com responsabilidade e profundidade, sobre a possibilidade de que esse vínculo possa ter sido utilizado para a obtenção de alguma informação privilegiada”.

A nota provocou a ira do presidente da ADPF, que declarou para a revista Crusoé que irá processar os dirigentes da Fenapef.

Na semana passada eu já havia questionado os fortes indícios de uma ABIN clandestina comandada por Jair Bolsonaro. Será que há relação?

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum