Eu me mudei, este ano, para Porto Alegre.
Sozinha com a minha filha caçula.
Viemos com uma mala de roupas para um mês.
A pandemia estourou e ficamos, aqui, isoladas.
E todo dia, quando vou carregar o meu celular, eu agradeço o privilégio que tenho.
Parece meio bobo.
Mas este simples ato me lembra que eu tenho casa, energia elétrica, internet e, especialmente, uma rede de proteção.
Eu tenho a quem ligar, a quem recorrer.
Todo dia, quando ligo o meu celular na tomada, eu lembro do quanto sou privilegiada e isto me põe o dever de lutar por quem não é.
Como disse o Safatle:
É nosso dever- o dos privilegiados que não precisam brigar a cada dia pelo sobreviver- a tarefa de sonhar e lutar pelo inimaginável.
Não temos o direito de sermos covardes.
Não temos o direito de recuar.
"A quem mais se deu; mais será cobrado".
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum