é comum, em uma ofensa racista, chamar o negro de macaco.
a imagem comumente associada a esse xingamento é a de um chimpanzé.
ah, mas não é racismo, desumanizar e animalizar o outro é uma forma divertida de bullying praticada em quase todas as sociedades.
sim, mas quando dizemos piranha, porco, veado, baleia ou burro, estamos nos dirigindo a um indivíduo.
e esses xingamentos estão associados a um atributo físico ou comportamental que julgamos típicos naquele animal.
no entanto, somente o macaco é um xingamento coletivo, porque é dirigido a todo e qualquer negro ou negra.
lembrando, ainda, que os negros não estão isentos de serem chamados de veados, burros, porcos, baleias ou galinhas.
o que só reforça que o macaco é uma associação genérica.
porém, se o burro é o cabra pouco inteligente, a baleia é a gorda e o porco o que joga lixo no chão, o que seria o macaco?
não há um atributo comportamental direto que associe um homem ou uma mulher negra a um macaco: eles não andam por aí trepados em árvores ou pendurados em galhos presos pelo rabo.
tampouco estão a catar piolhos das costas uns dos outros ou a comerem folhas e bananas a torto e a direito.
seria, por acaso, o atributo físico?
vejamos:
o chimp tem pelos por todo o corpo; típicos no homem branco, menos comum no homem negro.
o chimp, quem não o sabe?, tem os lábios finos; típicos no homem branco, raro no homem negro.
e o chimp, veja você, por baixo de toda aquela pelagem, oculta uma pele… clara!
portanto, seu cafajeste, comparar o homem negro com um chimpanzé nada tem de fenotípico ou comportamental.
isso se dá porque o chimp tem 98% de semelhança genética com o ser humano, mas não é um humano.
ou seja, chamar o negro de macaco é apenas uma forma cruel e canalha de dizê-lo quase humano; porém, incivilizado e incivilizável.
palavra da salvação.
Lelê Teles