Engana-se quem pensa que o próximo conflito envolvendo diversos países no mundo será feito com tanques e ataques aéreos. O que se viu nas duas Guerras Mundiais no início do século passado não se repetirá.
A III grande guerra será travada principalmente no campo da informação, entre as nações - e dentro delas -, na contestação da ordem liberal dominante das últimas décadas.
Um discurso que cai por terra diante da pandemia do coronavírus e todas as consequências que está acarretando na economia transnacional e na propalada tese do "Estado Mínimo", que ganhou seu último fôlego com a onda conservadora que levou Donald Trump e Jair Bolsonaro, entre muitos outros, ao poder.
A Covid-19 fechou fronteiras e expôs a fragilidade da cadeia internacional de suprimentos, concentrada na China em razão dos baixos custos, principalmente em razão da exploração da mão de obra.
A pandemia também exigiu uma forte intervenção dos Estados na Economia e na Saúde. Aos poucos, ainda coloca fim ao soft-power na diplomacia, com Donald Trump encabeçando uma reação autoritária contra a China e organismos multilaterais, como a OMS, levando a reboque seus fantoches que ocupam a presidência em outros países - como no Brasil e no Reino Unido - e tocando berrante para o gado ultra-conservador liberal mundo afora.
A guerra da informação, que vinha sendo travada através das redes internacionais de fake news - comandadas no Brasil pelo chamado "gabinete do ódio" - é o primeiro campo de batalha da III Guerra Mundial. E ela foi intensificada com a pandemia do coronavírus.
Trump, com sanções à OMS e a grandes exportadores de petróleo ainda não alinhados - como Venezuela e Irã -, sufoca a diplomacia internacional e dispara os primeiros mísseis dessa guerra.
A crise econômica sem precedentes que se aproxima forma a segunda trincheira nessa guerra. Privilégios terão que ser derrubados nas esferas pública e privada para que muitos que estão sendo jogados à margem da sociedade possam, ao menos, comer.
A pandemia do coronavírus leva o mundo à refletir sobre a clássica frase do geógrafo Milton Santos, de que "existem apenas duas classes sociais, a dos que não comem e a dos que não dormem com medo da revolução dos que não comem".
E a batalha da informação mostra de que lado estão os que defendem a economia - e a consequente manutenção desses privilégios - e aqueles que lutam pela manutenção da vida e da existência humana no planeta.