Coronavírus: infecção de trabalhadores em hospitais públicos municipais de São Paulo é 18 vezes maior que no restante da população

Sindisep alerta ainda que na Autarquia Hospitalar Municipal (AHM),que inclui hospitais, PSs e PAs, o índice é 79% maior e 139% superior se comparado com a rede básica onde estão as UBSs.

Homenagem ao trabalhadores/as da saúde que perderam a vida no vão livre do MASP (Av. Paulista). Foto: Sergio Antiqueita/Sindsep
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Ontem (15/04), a Secretaria de Saúde de São Paulo publicou novos dados e mais completos sobre o adoecimento dos trabalhadores da saúde.

Uma nota já havia sido publicada em 04 de abril, mas somente com dados da Autarquia Hospitalar Municipal - AHM e do Hospital do Servidor Municipal - HSPM e mostravam 106 casos de COVID-19 confirmados.

Os dados atuais mostram o total de trabalhadores agora incluindo os da rede básica de saúde (servidores e trabalhadores das organizações sociais), o número de afastados, e entre eles os casos de síndrome gripal, os casos confirmados de Covid-19 e os óbitos.

Os dados quanto ao número de testados ou aguardando confirmação não contam na nota, como foi cobrado pelo Sindsep na Mesa Técnica ocorrida no dia 14, quando o Secretário se comprometeu a emitir um boletim semanal sobre os trabalhadores e EPis.

Comparados com os dados epidemiológicos também do dia 15 de abril, da cidade de São Paulo, o índice de trabalhadores da saúde pública municipal infectados para cada 10.000 é 18 vezes maior que o índice da população da cidade. Como não é divulgado o número de testes aplicados para esses casos, não se sabe se tal dado influi no resultado. Mas comparando com o Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), que é uma autarquia independente da Autarquia Hospitalar Municipal (AHM) (que inclui hospitais, PSs e PAs), o índice desta é 79% maior, e 139% superior se comparado com a rede básica onde estão as UBSs.

Tais dados assustam e reforçam as denúncias de falta de equipamentos de proteção individual - EPIs trazidas especialmente por trabalhadores da rede hospitalar.

Faltam equipamentos de proteção individual (EPIs) ou são inadequados

Máscaras entregues aos profissionais de saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Alpina, por exemplo são de material mais fino que o utilizado na máscara cirúrgica, conforme mostra denúncia de trabalhadores em imagens como estas:

À esquerda a máscara cirúrgica, à direita a máscara inadequada recebida pelos profissionais de saúde que de tão fina e porosa passa a luz do sol.

O Sindsep segue denunciando que os trabalhadores da saúde estão em perigo diante da irresponsabilidade da prefeitura com o fornecimento em quantidade e qualidade adequados dos equipamento de proteção. Os meios de comunicação dia após dia expõe a realidade da falta e da qualidade inapropriada do EPIs distribuídos: aventais, capotes, toucas, óculos de proteção, face shield, sapatilhas e também insumos como álcool gel. As notas oficiais da Prefeitura seguem apenas reafirmando notícias antigas de aquisição de máscaras que chegam aos locais de trabalho.

Nos dias 16 (quinta) e 17 (sexta) de abril o Sindsep reunirá os representantes sindicais de unidade (delegados sindicais) dos trabalhadores da saúde em plenárias virtuais para debater a situação e decidir os encaminhamentos da luta pela segurança e proteção da vida dos profissionais da saúde.

Com informações do SINDSEP | Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo