Mesmo com uma das principais jornalistas de sua equipe sob ferrenho ataque de Jair Bolsonaro, o jornal O Estado de S.Paulo - porta-voz de parte do empresariado e do sistema financeiro paulista - não deixa esmorecer sua obsessão por Lula.
Em editorial nesta sexta-feira (28), o Estadão indaga: "A quem interessa a crise?", eximindo-se da parcela de responsabilidade dele próprio no processo que se aprofundou no golpe contra Dilma Rousseff, e compara Lula a Bolsonaro no "sequestro do debate político do País".
"É sintomático que bolsonaristas e petistas, quase ao mesmo tempo, estejam conclamando o “povo” a sair às ruas. Desde a campanha eleitoral de 2018, essas facções lutam para sequestrar o debate político do País e mantê-lo refém do radicalismo e do tumulto, de onde esperam extrair dividendos eleitoreiros. A nenhum deles interessa a estabilidade, e sim a crise permanente: aos petistas, porque um eventual colapso da economia causado pela inépcia política do governo pode despertar o sebastianismo lulopetista; aos bolsonaristas, porque os entraves no Congresso, que tendem a crescer graças ao comportamento errático do Executivo, serão interpretados como sabotagem de políticos que estariam interessados em impedir o presidente Jair Bolsonaro de governar", diz o jornal logo na abertura de seu texto.
O editorial remete ao já lendário "Uma escolha muito difícil", publicado em 8 de outubro de 2018, com a esdrúxula e forçada comparação entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad.
"Resta esperar que eleitores e candidatos entendam, em algum momento, que não é possível governar com base no rancor", dizia o jornal na ocasião, falando sobre o mesmo sentimento obsessivo por Lula que nutre na edição desta sexta-feira (28).