As candidaturas feministas, LGBT e negras ao Legislativo, em todos os cantos do Brasil, foram responsáveis por trazer renovação para estes espaços tradicionalmente héteros e masculinos.
Mas claro, até que demorou, já surgiram as "análises" dizendo que o erro das campanhas da Manuela e do Boulos foi o "excesso de identitarismo".
Daqui a pouco vão dizer que as bixas criaram o coronavírus. Rysos.
Esse tipo de análise é feito com base na fonte do ar-condicionado; subestima a classe trabalhadora, pois essa, pela "análise" dessas pessoas, só pode pensar em renda, trabalho e moradia. Como se tudo isso se desse sem a presença dos corpos.
A classe trabalhadora de hoje não é a mesma dos anos 1970 e 1980, gerações chegaram e precarizadas trabalham espalhadas, com os seus corpos, raças, identidade de gênero e orientações sexuais em todos os estratos da sociedade.
Me parece que há uma certa preguiça de dialogar com os novos sujeitos, estes corpos impertinentes e culpados pelas últimas derrotas do século XXI.
Não adianta defender as redes e pensar com a máquina de datilografar.
Não adianta nada defender a renovação (seja lá o que for isso) mas levar em consideração apenas a estética de um tempo que, senão desapareceu por completo, está em vias de.
Por fim, neste mesmo tempo candidaturas negras e trans eleitas estão sendo ameaçadas de morte, sobre isso, silêncio, mas estranho se fosse o contrário.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum