Vendida como panaceia para todos os problemas de 2018, vários candidatos decidiram se vender como “outsiders” para conduzir a política pelo simples motivo de não serem... políticos!
Acontece que a chamada “nova política” era nada mais do que um movimento de ódio e negação à política e é claro que isso não poderia acabar bem.
Eleger um político antipolítica é como contratar um médico que detesta tratar pacientes, ou um bombeiro incendiário. Eles não vão cumprir as funções dos postos que ocupam.
A mesma coisa ocorre no campo da política. O pensamento antipolítica prega a depredação do Estado e da institucionalidade da República. Por fim, acaba criando zonas de ausência do poder público, o que permite o avanço de organizações criminosas, onde quer que seja.
Com o palco todo montado, eis que surge a interdição da discussão política, que passa a repudiar qualquer corrente de pensamento contrária, e transforma em negativo qualquer movimento ou pensamento político. Uma forma sutil de censura, como os movimentos do “sei lá o que sem partido” fazem por aí.
Onde falta Estado, certamente sobram organizações criminosas de todo o tipo, para impor o terror e o controle à população.
Medidas tomadas sem planejamento e com o absurdo desejo de acabar com a política jogam candidatos diretamente nas mãos de criminosos, que se antes já mantinham participação em casas legislativas do país, e agora formam verdadeiras bancadas e buscam inclusive cargos no Executivo.
Um destes exemplos é o fim do financiamento privado. Isso não quer dizer que eu seja favorável ao poder econômico fazendo pressão em candidaturas, mas haveria maneiras melhores de trabalhar essa questão.
O exemplo na Alemanha, onde o governo estimula a contribuição de filiados e o Estado ainda paga um “bônus” para cada contribuição.
Na França, a forma de manter a disputa mais equilibrada foi fixar um valor limite para o gasto de cada partido em campanha.
As doações de empresas poderiam também ter um limite fixado e repassados primeiro ao TSE, para depois serem repassados ao partido de destino.
Já aqui no Brasil, vociferamos contra a política, criminalizando-a, e ficou por isso mesmo.
A negação da política busca atingir o Estado e descaracterizar o poder público como planejador e executor de políticas públicas. Basta ver como estimulam a privatização e a ojeriza aos serviços públicos mantidos pelo ele.
O discurso fiscalista e de estímulo à baixa execução orçamentária, com foco nas contas públicas, também é uma característica marcante de do discurso dos políticos que foram eleitos nos últimos pleitos.
O próprio Bolsonaro reduziu investimentos, como obras de infraestrutura e a educação. Outros governantes foram pelo mesmo caminho.
Um governo e uma linha de pensamento político que não visem a garantir os direitos mais básicos para toda a população, a entregará diretamente aos braços de organizações criminosas. E é isso que a “nova política” faz.
E aí não tem jeito. Onde não há Estado, há milícia. E Estado é política.