Rio de Janeiro, 06 de Outubro de 2020.
Pai.
Essa semana peguei para reler todas aquelas revistinhas da Mafalda que você me deu.
Aquelas que você fez a versão para o português.
Foram as primeiras historinhas traduzidas. Já tinha lido antes, mas em espanhol, e muita coisa não tinha entendido.
Quase ninguém sabe que o Quino aceitou fazer aquela coleção da Mafalda com uma condição:
- “Quero que o Henfil faça a tradução!”
Achei o máximo saber que eram amigos!
Agora uma coisa que não sabe, pai.
Já tem quase 30 anos isso.
Fui ao Salão de Humor de Piracicaba, fazer parte da comissão julgadora do salão!
Na porta do hotel chegou um senhor falando um portunhol, e começou a puxar assunto comigo.
Ficamos conversando por um bom tempo.
Ele me contou que era seu amigo, que adorava seu traço, te admirava muito, e que era um orgulho pra ele ser seu companheiro de profissão.
Não sabia quem era, e fiquei com vergonha de perguntar pra el. Olha só!
Nos despedimos. Assim que subiu para o quarto, fui perguntar pro Paulo Caruso quem era aquele senhor:
- É o Quino!
Eu conversei um tempão com ele sem saber. Acredita!?
Nunca tinha visto uma foto dele!
No dia seguinte ele viajou cedo, e não o encontrei mais.
Sempre comparei o trabalho de vocês.
Faziam um humor que era adorado por crianças, mesmo sem entenderem diretamente as mensagens políticas e sociais que tinham nas historinhas. E pelos adultos que entendiam.
Ficamos com os seus trabalhos, pra inspirar a luta de quem defende a democracia!
Um beijo pra você e pro Quino.
Do seu filho,
Ivan
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