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OPINIÃO
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Uma entrevista de Gleisi Hoffman publicada no jornal Valor de hoje caiu como uma bomba no PT, A presidenta nacional do partido diz que na ausência de Lula, Haddad seria o nome natural do PT para disputar a presidência, mas que o nome de Flávio Dino (PCdoB) é uma boa alternativa. E que pode ser o vice de Haddad ou mesmo o cabeça de chapa para a presidência da República. Na mesma entrevista Gleisi nega que Lula tenha convidado Dino para se filiar ao PT.
Por que motivo a presidenta nacional do PT teria dito isso? Tratar Dino com tanta reverência neste momento teria qual objetivo. O objetivo não é adular Dino. Mas mostrar a Haddad que se ele ficar fora das eleições de 2020 e o PT não tiver um bom resultado eleitoral, especialmente em São Paulo, a fila pode andar.
Pode andar tanto dentro do partido, mas especialmente fora. As candidaturas de Rui Costa (Bahia) e Camilo Santana (Ceará) já são citadas a depender dos resultados das eleições nos seus estados. Mas a maioria dos petistas tem destacado mesmo nos bastidores o crescimento do nome de Flávio Dino, que na opinião desses analistas, tem se mexido muito mais do que Haddad desde as eleições de 2018 e vem costurando uma imagem de conciliador e ao mesmo tempo realizador, com bons índices de aprovação do seu governo. Essa linha de avaliação teria ganhado força na direção nacional do PT.
Quando é provocado à respeito, Lula diz que Haddad lhe foi muito leal ao aceitar ser candidato a vice presidente quando estava na cadeia e sem pedir nada. Porque Lula naquele momento não lhe prometeu a cabeça de chapa.
E mesmo depois quando o preteriu, solicitando a Jacques Wagner, que declinou, Haddad não se fez de rogado e topou defender o partido.
Ou seja, Lula não se sente em condições de Haddad pedir mais um "sacrifício" a Haddad, pois sabe que a eleição para a prefeitura de São Paulo será dificílima para o PT.
Ao mesmo tempo, Lula concorda com seus interlocutores na avaliação de que Dino está avançando e construindo uma onda em torno do seu nome que pode se tornar muito forte se Haddad não se mexer.
De alguma maneira, na entrevista de hoje Gleisi vocalizou o que pensam esses petistas, E talvez o que pense o próprio Lula.
Haddad, que não é bobo nem nada e certamente entendeu o recado.
Ele sabe que nos próximos dias verá se intensificar a pressão para que tope disputar São Paulo. Ele diz com ênfase que não aceitará. Mas pode ser convencido. Afinal, o jogo da política é muito mais complexo do que parece.