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OPINIÃO
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São Paulo anoiteceu às 16h de ontem. E o Rio de Janeiro amanheceu hoje com a cor de sangue e o cinza da violência.
Um homem invadiu um ônibus na Ponte Rio-Niteroi com uma arma de brinquedo e anunciou um sequestro.
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Em minutos este era o principal assunto do dia nas redes sociais. Em minutos milhões pediam sangue e “justiça”.
Uma sociedade em crise civilizatória, na qual a arminha de dedo se tornou símbolo da campanha do presidente eleito, não entende que a arma serve também a este tipo de coisa.
E aí o governador do Rio de Janeiro, que se elegeu a partir de um combo de mercadores da fé e milícias, autoriza seus “snipers” a agirem.
O tal sequestrador é alvejado (provavelmente na cabecinha) e morre.
As pessoas aplaudem. Gente de esquerda diz que não se deve entrar neste debate porque ele é desfavorável. Preferem o silêncio tático.
A barbárie avança sem que sequer as pessoas se perguntem: se é possível de tão longe mirar na cabecinha, não é possível identificar se a arma é de brinquedo?
A barbárie não avança apenas por conta dos bárbaros, mas também dos covardes. Dos que se calam e não questionam. Dos que aceitam o jogo jogado. Dos que não se perguntam se não nos tornamos cúmplices do que estamos vivendo.