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OPINIÃO
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Eu tive o privilégio de nascer em uma família plural. Sou de uma família de eslavos - onde uma parte era anticomunista/stalinista - e de gaúchos - onde outra parte era comunista.
No meio de tudo isso, fui aprendendo a ouvir diversas posições. Nunca achei que tinha de estabelecer uma régua entre o bem e o mal, a partir de posições ideológicas.
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Mas, fiz escolhas que acabaram me colocando, ideologicamente, no campo da esquerda.
Fruto dessa ambiência plural, tive o privilégio de cultivar amizades nos mais diversos espectros políticos, religiosos e culturais.
E acredito que me enriqueci delas.
Meu filtro passou a ser - e cada vez mais o é - o da existência, o das atitudes.
Quem é preconceituoso, quem escarnece do sofrimento de outrem, quem é intolerante, quem é arrogante, quem é insensível com as falhas e dores - seja na esquerda, ao centro, ou na direita - não faz parte do meu arco de convivência.
Confesso que acreditei nesse ideal de civilização palmilhado pelas luzes da razão, fertilizado pela convivência democrática - com todos os seus limites e contradições.
Hoje, vejo que esse ideário, que pude experimentar existencialmente na família e entre amigos, se esvai como prática possível no terreno público, no panorama histórico.
Alguns, talvez me acusem de ingenuidade, mas, verdadeiramente, me recuso a acreditar que chegamos até aqui, como humanidade, para assumirmos - diante das novas gerações - que a única saída é a volta do tacape e a lei do olho por olho.
Eu recebi, da geração que me antecedeu, a esperança na humanidade. Me recuso a deixar menos que isso para as gerações que virão.
Por isso, sigo sendo pedagoga e professora. No dia em que deixar de acreditar, deixarei meu lugar e minha profissão.