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OPINIÃO
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O homem que assegurou ser capaz de salvar o capitalismo brasileiro não tem a mínima noção do que seja capitalismo. E com o movimento fraco das ruas, um elemento que pode colocar o governo Bolsonaro em risco é a sua própria incompetência para administrar o capitalismo. Lembra a figura de uma cobra que devora o próprio rabo.
Ao cancelar sua visita a Nova Iorque, onde receberia uma homenagem da Câmara do Comércio Brasil-Estados Unidos, Bolsonaro deixa de entrar em contato com inúmeros capitalistas internacionais, o que ampliaria o leilão do Brasil para o estrangeiro. Sendo assim, alguns setores da burguesia já estão duvidando da capacidade do presidente de atrair capital estrangeiro (1).
“Os ataques de Jair Bolsonaro contra dos direitos LGBTQ e seus planos destrutivos para nosso planeta se refletem em muitos líderes —incluindo diversos em nosso país. TODOS devem se levantar para denunciar e lutar contra esse ódio desmedido”, disse De Blasio, prefeito de Nova Iorque.
O capitalismo atual é aberto à diversidade, pois se descobriu que ela gera lucro. Um produto para o negro, outro para a mulher, um outro para o gay etc., nas mais diversas variações que essas identidades possam vir a ter, pode ser vendido. Desqualificar um grupo, uma identidade, é perder mercado. Será que a burguesia brasileira está interessada em perder mercado? Um empresário estrangeiro montaria uma sucursal em um local que afasta consumidores potenciais.
Na ânsia de aprovar as Reformas, de dar prosseguimento à política de Temer, a burguesia concluiu que Bolsonaro seria a melhor opção. Além disso, as propostas de Paulo Guedes eram extremamente excitantes para os capitalistas ávidos por lucros. Contudo, as coisas não estão indo de vento em popa como pensavam.
Vivemos em uma sociedade pós-moderna onde identidades e estilos de vida aparecem e desaparecem de forma dinâmica, portanto, priorizar um estilo de vida é inviável para o lucro. Um governo que tem acima de tudo o mercado, acima até mesmo do bem-estar das pessoas, não pode pensar dessa forma. Isso está no ABC do capitalismo contemporâneo.
Isso nos remete a um dos novos instrumentos de dominação imperialista destacado por Atílio Boron há quase vinte anos. À época, três quartos das imagens audiovisuais que circulavam no planeta eram produzidas pelos Estados Unidos, vendendo, por meio principalmente de Hollywood, a ideologia de liberdade norte-americana. Vemos filmes com um elenco de maioria negra concorrendo ao Oscar, mulheres heroínas desbancando os heróis em bilheterias. Filmes com a temática LGBTQ, de modo que até a Netflix separou uma categoria de filmes que abordam tal questão entre “filmes estrangeiros” e “filmes para a família e crianças”, vem ganhando espaço. E o que não faltam são filmes sobre a questão do aquecimento global... São discursos de nossa época, consequentemente, lucrativos.
Enfim, não será nenhuma surpresa ver a burguesia se arrepender do que fez e tirar o seu escolhido do cargo, para colocar um fantoche mais preparado para tocar a política de desmoronamento do Estado brasileiro em prol dos investidores. O guru de Bolsonaro, o execrável Olavo de Carvalho, já deu um prazo para a queda (por razões idiotas como tudo que fala)... Risível!
(1)https://m-cbn-globoradio-globo-com.cdn.ampproject.org/v/s/m.cbn.globoradio.globo.com/amp/media/audio/258787/cancelamento-da-ida-de-bolsonaro-ny-tem-relacao-co.htm?amp_js_v=a2&_gsa=1&usqp=mq331AQCCAE%3D#referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&_tf=Fonte%3A%20%251%24s&share=https%3A%2F%2Fcbn.globoradio.globo.com%2Fmedia%2Faudio%2F258787%2Fcancelamento-da-ida-de-bolsonaro-ny-tem-relacao-co.htm