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OPINIÃO
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Dezesseis horas, em um shopping da região central, dois assaltantes com arma em punho rendem funcionárias em uma joalheria.
Na saída, os assaltantes fogem com a arma apontada para o alto. Os frequentadores e vendedores se escondem nas lojas. A joalheria foi assaltada.
Eu estava lá. Foi um susto. Mas, ninguém se feriu.
Na distopia bolsonarista, o que teria acontecido se frequentadores, vendedores e seguranças também estivessem armados?
Possivelmente, um tiroteio.
Possivelmente, com vítimas.
Joias foram roubadas e os assaltantes fugiram. Mas, nenhuma vida foi perdida.
Foi um assalto, que a segurança não conseguiu impedir. Não foi uma carnificina.
Armas na mão de cidadãos não previnem crimes. Simplesmente, precipitam tragédias.
Há um motivo para, há mais de séculos, a humanidade ter decidido, em seu código civilizatório, que o monopólio da violência consentida deve ser regulado e profissionalizado.
E ele precisa ser mais regulado e profissionalizado e não menos.
Isto é o contrário do código da milícia.
Isto é o contrário de cada qual com uma arma na mão.
Não podemos armar os conflitos no trânsito, não podemos armar os conflitos passionais, não podemos armar os conflitos cotidianos.
Temos que mediar e profissionalizar a força de contenção. Policiais precisam ser treinados, bem pagos e preparados.
Isto é o contrário da licença para matar sob forte tensão.
Isto é o contrário do “salve-se- quem puder”.
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