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OPINIÃO
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O Brasil se tornou um país impressionantemente ruim. Um boçal aplica um mata-leão até matar um menino de 19 anos num dos bairros mais abastados do Rio de Janeiro. Sufoca-o indefeso até que faleça.
A cena inunda a internet. Faz 24 horas que a vi. São quase meia-noite de sexta e ela invade minha timeline de novo.
Não choro. Não chorei ontem. Mas sinto um desespero silencioso, porque a vida daquele guri não parece valer nada.
Infernal o quanto estamos sendo covardes. Num país diferente, como os EUA, sim os EUA, talvez este assassinato tivesse gerado centenas de ataques ao mercado que não fez sequer um pedido de desculpas público nas páginas dos principais jornais.
Da mesma forma que não se tornou indignação o fato de o presidente da Vale não ter se levantado no minuto de silêncio às vítimas de Brumadinho no Congresso.
Eu também não chorei pelas vítimas de Brumadinho. E nem pela menina de 11 anos, vítima de bala perdida em São Paulo.
A naturalização da violência nos anestesiou.
Somos pedra. Mas não somos Pedro. Aquele que Jesus teria dito que sobre a sua pedra constituiria a sua igreja.
Perdemos em algum canto da história a nossa humanidade. E há igrejas aos montes nos dizendo que essas mortes são parte deste jogo imundo que se tornou a vida neste covil de bárbaros que podem celebrar o assassinato de Marielle quebrando placas de ruas com seu nome. Que podem sufocar até a morte um garoto de 19 anos num dos bairros mais nobres do país. Num dos hipermercados mais imponentes deste ciclo histórico.
Somos um bando de covardes. Mas temos algo o que comemorar. O Lula tá preso, babaca.
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