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OPINIÃO
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Ontem, o Brasil assistiu a mais uma cena vergonhosa em uma de suas casas legislativas. O palco do vexame da vez foi a Assembleia legislativa de São Paulo (Alesp), onde o deputado estadual Arthur do Val, conhecido pelo seu apelido no YouTube, Mamãe Falei, provocou uma confusão durante a votação da reforma da previdência dos servidores paulistas. O parlamentar chamou os professores que protestavam nas galerias da casa de “vagabundos”. A confusão inclusive teve mordidas entre deputados e gestos obscenos.
Como se não bastasse o tumulto em São Paulo, ainda tivemos barraco em Brasília durante a CPMI das fake news com trocas de “gentilezas" vergonhosas entre Carla Zambelli e Joice Hasselmann. E para coroar, ainda tivemos o polêmico tweet do deputado Alexandre Frota (PSDB) que disse:
“A que se julga a mais conservadoras de todas promete aparecer hoje na CPMI da Fake News para confrontar a @joicehasselmann. Seria também uma boa hora para ela explicar que mesmo casada ia pra salinha da CCJ e praticar o canguru perneta. Aliás nada conservador dentro da Câmara.”
E este é o retrato do que a “nova política”.
Em qualquer lugar do mundo onde não impere uma ditadura ou monarquia, prefeitos, presidente e governadores comandam através de negociações, debates, diálogos e discussões. Ações corriqueiras que qualquer um de nós realiza em uma reunião de condomínio, numa associação de moradores, no trabalho, na igreja.
O que muda são as moedas de troca em cada situação: dinheiro, influência, favores. Isso não é a velha política. É a política simplesmente como ela é. Quando indivíduos ou grupos divergem sobre um mesmo tema só há duas soluções: recorrer à força, violência e confronto ou sentar e negociar condições favoráveis para ambos os lados.
Então é simples, se existisse a tal “nova política” ela seria a mediação de conflitos no braço, na truculência, mordaça e cala boca.
Não é por menos que a “vanguarda da nova política” constantemente é flagrada em demonstrações de ódio, enaltecendo a violência, relativizando crimes e promovendo verdadeiros episódios de selvageria.
Acontece que essa “nova política” se tornou um partido que, aos poucos, foi orientando (de forma intencional) parte da nação com a destreza de Harry Houdini, enquanto caminhávamos para a barbaridade, a violência e o descontrole.
A política é uma só. Podendo ser feita de forma boa ou de forma ruim, como qualquer coisa. Fora disso, ficam os promotores da gritaria, truculência e ignorância deliberada.
Acontece que a nova política é o apogeu da perversão social. E os responsáveis pelo lixo moral em que nos encontramos possuem dois principais expoentes: Movimento Brasil Livre e Jair Messias Bolsonaro, que juntos transformaram o país em uma espécie de República da baixaria. O que me causa estranheza, principalmente, é que Bolsonaro, que se diz defensor dos bons costumes, é o primeiro a partir para a baixaria quando lhe surge a oportunidade.
O brasileiro, ao longo dos anos, foi ensinado e educado a acreditar que política é só baixaria e corrupção. Quando, na verdade, deveria saber que aquilo deveria ser a exceção e não a regra. Infelizmente a inversão das percepções foi gradualmente banalizando a selvageria na política.
Esses episódios devem servir como um alerta para todos os intelectuais que, por inocência ou não, propiciaram o crescimento dessas agendas autoritárias que teoricamente a universidade afirma combater.
E o Congresso e as demais instituições, incapazes de antecipar a capacidade gigantesca de disseminação de mentiras e pós-verdades, falharam em incluir na política os únicos requerimentos que teriam mudado nosso discurso político imensuravelmente para melhor.
Esqueceram de adicionar que debaixo de nenhuma circunstância a atuação do do poder legislativo deveria ser em torno de um inimigo em comum para toda a nação e principalmente uma maior aplicação e rigidez com uso da punição por quebra de decoro.
Aos defensores da nova política está aí o resultado do novo Brasil:
Políticos sem qualquer tipo de respeito com o povo, deputados chamando pessoas para a porrada na tribuna, presidente falando palavrão em live no Facebook, gente defendendo a licença para matar como se fosse algo bom e a mais completa e total falta de conhecimento e respeito pela constituição brasileira. Continuem promovendo isso para vocês verem onde esse país vai parar.