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OPINIÃO
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Não é exagero, é fato! Se trocarmos os nomes RenovaBR, Acredito e outros semelhantes por IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), veremos que o funcionamento é o mesmo.
Mas o que foi o IBAD?
IBAD foi um think tank anticomunista fundado em maio de 1959, por Ivan Hasslocher. Ao lado dele, vários empresários – tais como Gilbert Huber Jr., Glycon de Paiva e Paulo Ayres Filho – fariam parte dessa organização e da sua entidade-irmã, o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), constituída dois anos e meio depois.
A organização funcionou financiando candidaturas de direita e extrema-direita ao redor do país, como a de Plínio Salgado, líder e fundador do integralismo.
Quase quarenta anos depois, o general reformado Hélio Ibiapina revelou que o IBAD possuía ligações com a Agência Central de Inteligência (CIA) estadunidense.
O Instituto acabou sendo extinto em dezembro de 1963, por ordem judicial após uma CPI no Congresso revelar que mais de 100 deputados eram financiados pelo esquema.
A organização tinha como objetivo criar uma bancada própria e pavimentar terreno para a ditadura militar de 1964.
Nos dias atuais
Saindo do século passado e entrando nos dias atuais, não é muito difícil abrir um paralelo entre estes grupos e o IBAD.
Esses grupos que pipocaram nos últimos anos, com o suposto objetivo de renovar ou “qualificar” a política, se tornaram poderosos o suficiente para manterem e orientarem uma verdadeira “bancada” no Congresso.
Impondo sua agenda acima das agendas partidárias – como é o caso de Tabata Amaral, que roubou os votos de seus eleitores –, que vão desde a defesa velada da reforma da previdência até a militância em prol da prisão em segunda instância.
Colocando de lado os interesses da própria legenda.
Acontece que estes grupos se tornaram uma espécie de atalho dos poderosos ao redor do país, que não querem lidar com os problemas e dificuldades da vida partidária. E assim se instalam como parasitas em outras legendas.
Oras! Se querem atuar na política que se filiem ou então criem seus próprios partidos!
O que não dá é agora esses ditos “movimentos” de renovação sequestrarem partidos em prol de seus interesses.
A estratégia aqui é bem semelhante ao do IBAD. Empresários brasileiros que querem impor suas agendas políticas na sociedade, porém temem a exposição de seus nomes nestas campanhas.
Para evitarem isso, então estimulam e criam indiretamente suas bancadas nas casas legislativas.
O que diferencia o IBAD dos demais? Talvez apenas o envolvimento da CIA. Enquanto no IBAD a organização era mantida em um esforço conjunto da agência norte-americana de inteligência com empresários brasileiros, agora é mantido apenas por empresários brasileiros.
A farsa destes grupos já começa pelas propostas e como se vendem como arautos de uma pretensa “nova política” onde não há nem esquerda e nem direita, mas no fim acabam por servirem aos interesses da direita reacionária brasileira. É a praga da política nem-nem que eu já expliquei nesse blog.
Não existe essa história de “nova política”. Na verdade isso é coisa de gente interessada em solapar os consensos e o diálogo político no país.
A política é uma só, podendo ser feita de forma boa ou de forma ruim, como qualquer coisa. Fora disso ficam os promotores da gritaria, truculência e ignorância deliberada.
Basta ver quem são os arautos desta nova política.
A política brasileira não pode permitir, que assim como no período pré-64, interlocutores ocultos trabalhem nos bastidores para imposição das suas pautas como se fossem dirigentes de partidos clandestinos.
Estes grupos acabam flagrantemente burlando a proibição do financiamento empresarial e, ainda como parasitas, usam o fundo partidário, tempo de TV, quociente eleitoral, tudo de outros partidos, para elegerem suas bancadas.
No fim das contas este movimentos acabam golpeando a democracia da mesma forma que o IBAD.
Demoraremos mais 40 anos para descobrir quais os objetivos destes grupos? E mais, quão nocivos para a democracia eles realmente são?