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OPINIÃO
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Existe uma treta um tanto nonsense que rola nas redes entre trotskistas e stalinistas. Obviamente, uma discussão tocada por uma imensa maioria de héteras que ficam horas disputando quem mata mais, quem deve ir para o Gulag... mas, claro, longe da história, do fronte e estagnado de frente para a tela do computador gastando horas e horas de água e luz solar.
A real é: Lenin, Stalin e Trotsky eram três tiranetes e geniais. A primeira faleceu precocemente, a segunda foi ligeira, se livrou da geral opositora e cozinhou a Trotsky até chegar no México.
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A sério: Lenin era a teórica brilhante, a Trotsky era a melhor na análise de conjuntura e a Stalin foi a responsável pela, digamos assim, a idade de Ouro da URSS: tendo governado a União Soviética de 1927 a 1953. Foi a responsável por transformar um país fortemente agrário em uma potência em várias esferas. E claro: tornou a URSS a grande antagonista do capitalismo. Mas, óbvio, não fez isso sozinha.
Porém, isso, hoje, tem valor histórico e é necessário seguirmos adiante. Me causa espanto que muita gente ainda sonhe com a volta da URSS. Vamos lá: foi uma experiência histórica, que ainda pode ensinar muito para a gente. Todavia, pensar numa reedição desse modelo beira à sandice, pois, ignora a conjuntura global na qual estamos inseridos e o quanto da estratégia de dependência econômica imposta aos países da América Latina, África e parte da Ásia foi aprofundada.
O que nós devemos fazer, para conquistar novas mentes e corações, é retomar a discussão da economia planificada e pensá-la para o século XXI; colocar no eixo de uma “outra sociedade possível” as opressões contra LGBT, mulheres, negr@s e pessoas não brancas. Pois, nesse momento, quem está fazendo isso, e com destaque à América Latina, é a extrema direita teocrática e militarizada, que está convencendo inúmeras camadas da população de que sim: não se deve discutir sexualidade nas escolas, que as políticas de cotas são injustas e de que a bíblia é mais importante que a Constituição – lembram do recente golpe na Bolívia, né?
E aqui cabe um destaque: depois do ministro Moro, de acordo com o último DataFolha, a ministra Damares, responsável pela pasta Família e Direitos Humanos, é a segunda melhor avaliada pela população do Brasil, mais especificamente, 43%, é quase a metade do país apoiando temas como a “cura gay”, de que “o mundo ideal seria com as mulheres em casa cuidando do lar” e criminalização total do aborto. Na minha modesta opinião, esse é o número mais grave da referida pesquisa.
Enviadescer o projeto Comunista
Diante de um cenário tão horrendo, é necessário que avancemos na plataforma de um projeto popular, socialista com vias ao comunismo. Temos que enviadescer o comunismo: é necessário e urgente que setores da esquerda abandonem o tom raivoso frente às pautas “identitárias”.
Vamos lembrar do já malhado Manifesto Comunista (Marx e Engel, 1848): o nosso objetivo, juntamente com a luta de classes, é a emancipação dos 99%, mas, cabe lembrar, que dentro desse número surgiram vários novos grupos sociais que resolveram não mais ficar escondidos. Ou seja, a luta por uma sociedade não capitalista feat luta de classes se dá junto com as LGBT, negr@s, mulheres e povos originários.
Precisamos, também, jogar um pouco de verde nesse comunismo aí (claro, verde cannabis feat meio ambiente). E aqui é bom lembrar da literatura distópica: quem vai migrar para outro planeta é o 1% mais rico, nós permaneceremos fritando no caos e na miséria. Parece viagem, mas não é. E para tal, indico vivamente a leitura da trilogia “MaddAddão”, da escritora Margaret Atwood. No Brasil é vendida separadamente: Oryx e Crake (1), O ano do dilúvio (2) e MaddAddão (3).
Por fim, não se trata de impor regras sobre quais discussões devem ou não ser feitas nas redes e nas mesas dos bares, mas, é que estamos gastando energia e desfazendo amizades à toa.
Nós, corpos dissidentes, não temos tempo para ficar divagando sobre um tempo que, apesar de glorioso, está morto.
Nota do autor - Em alguns momentos do texto uso o artigo feminino para personagens masculinas: é proposital.