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OPINIÃO
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O governo Bolsonaro se elegeu pela associação dos setores do financismo, militarismo e fundamentalismo religioso.
O capital produtivo - FIEP, CNI etc - na incapacidade de alavancar uma candidatura, que abertamente defendesse a redução de direitos trabalhistas, teve de engolir Bolsonaro.
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O apelo a segmentos expressivos da classe média - pelo ódio ao PT- e a “nova classe média”- pela decepção com o PT, especialmente pós-ajuste fiscal do governo petista -, conformou uma maioria eleitoral, combinada por diversos motivos e apetites.
Tudo isto, é claro, sob o beneplácito do STF e da grande mídia.
Uma vez eleito, Bolsonaro mostrou a quem - dessa grande geleia geral - atenderia, de fato.
Optou pelos militares de alto comando, em detrimento dos praças.
Danou os pobres na aprovação da reforma da Previdência e estuda acabar com a dedução fiscal dos planos de saúde no IR, voltar com a CPMF e cobrar mensalidades na universidade, atingindo a classe média (que se acha elite) que lhe apoiou.
Comprou briga com a Globo para favorecer a Record. Afrontou o STF e estimulou, nas suas hostes, uma campanha de difamação à Corte que garantiu que seu grande oponente eleitoral se mantivesse preso, até o fim da eleição.
E agora, Guedes - o Posto Ipiranga -, de forma clara e escancarada, trabalha pela valorização do dólar em confronto com os interesses da indústria nacional, que depende de importações de insumos e obviamente, com graves consequências para o mercado de consumo de massa.
Folha e Estadão - como representantes da FIESP, CNI... - abrem sua porteira de críticas ao “autoritarismo e incompetência” (sic) de Paulo Guedes e dos ministros bolsonaristas.
Miriam Leitão, no Globo, idem.
E, de repente, a democracia vira - sazonalmente! - um valor sagrado para os segmentos do capital que apoiaram um assumido defensor da tortura e dos torturadores.
A elipse do envolvimento com a milícia e da defesa aberta de ditadores foi conveniente para os setores “dito democráticos” do empresariado, enquanto se aguardava a aprovação da reforma da Previdência.
E ela ocorreu. Não tão draconiana como pretendiam, mas ocorreu.
Acontece que bravata afrontosa do bolsonarismo estimulou o agronegócio a declarar publicamente que iria colocar fogo na Amazônia.
Tal como no filme “Mississipi em Chamas”, os neofascistas brasileiros se sentiram à vontade para sair do armário, uma vez que um de seus legítimos representantes ocupa o Palácio do Planalto.
E mostraram a cara, convocando o “Dia do Fogo”.
Conseguiram publicidade...internacional!
Graças a esta façanha, hoje, o mundo inteiro teme o destino da Amazônia.
Este temor, que espirra inclusive na eleição dos EUA - afastou os investidores financeiros, mesmo com a aprovação da reforma da Previdência.
Bolsonaro e o Posto Ipiranga não conseguiram entregar - in totum - o que prometeram, embora estejam vendendo a Embraer, a Petrobras e tudo o que der.
Daí que os setores “racionais” do mercado resolvem criticar os excessos, na tentativa de conformá-los à sua planilha.
Bolsonaro truca com a organização do seu exército de milicianos e fanatizados.
Ainda não é possível saber quem vencerá a queda de braço interna.
O que é possível entender é que se trata de uma briga da capa de cima.
Nenhum dos lados desta aliança tem compromisso com um projeto de país soberano e democrático.
Imaginar que devemos optar por uma das frações ou mesmo compor com ela, em busca do “mal menor” ou do etapismo, é insistir nos erros do passado.
Somos nós do campo progressista e de esquerda que temos condições de anunciar um projeto radicalmente democrático, inclusivo e soberano de país.
Aliados serão benvindos... ao nosso projeto.
Ao projeto de defesa da soberania e da democracia.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.
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