Escrito en
OPINIÃO
el
O frenético e recorrente discurso da nova Ministra contra o feminismo não é apenas a expressão de um discurso ideológico contra o feminismo mas, a expressão mais periférica dos sintomas do patriarcalismo que põe as mulheres em combate entre si, na disputa do "melhor macho".
Infelizmente, este sintoma não acomete só mulheres de direita mas, viceja - mais disfarçado - também, na esquerda.
Eu vivi alguns destes combates típicos, dentro da esquerda, por mulheres de esquerda.
Desde ter a vida privada insinuada em posts como ressentida, ou como ter auferido vantagens por proximidade com lideres politicos, até uma tentativa de expulsão partidária.
Tudo na esquerda, por mulheres de esquerda e algumas, supostamente, feministas.
E o que isto nos mostra?
Que o patriarcalismo é uma força poderosa que invade terrenos ideológicos e de gênero e de opção sexual.
Que temos de estar atentas e fortes e olhar para nós mesmas e nos perguntar quando e por quê estamos reproduzindo este papel.
Quando, para combater uma mulher adversária, não atacamos suas ideias mas, sua suposta condição emocional, seu estado civil, sua aparência?
Quando auferimos vantagens de aceitação no mundo masculino por nos apresentarmos mais dóceis ou compreensivas, menos feministas, menos hormonais ou "mais controladas"?
Eu mesmo já fiz isto, algumas vezes.
E já me vi em um papel e em outro.
Só quando tomamos consciência do que o patriarcalismo faz conosco- em nos transformar em úteros a serem fecundados- é que começamos a botar reparo em uma competição entre nós mesmas que nos é imposta.
Isto é sororidade.
Não é complacência com as mulheres por serem mulheres.
Não é combate aos homens por serem homens.
É um sentido. Uma decisão contra o patriarcalismo, esteja ele encarnado nos homens ou nas mulheres.
Damares é uma mulher patriarcalista.
E deve ser combatida, não por ser mulher - bonita ou feia.
Mas, por ser representante - agora- do patriarcalismo e seus valores.