Astrologia de boteco: feliz 2023!

Já não está dando para esperar um feliz 2019, e nem, talvez, 2020, 2021, 22... Será que teremos um feliz 2023?

Escrito en OPINIÃO el
O que é ruim pode piorar. Não dá para falar que “pior não fica”. Estou falando isso porque me lembro do que falei aqui mesmo, na Fórum, há quase um ano: 2018 não seria um ano bom. O governo do vampiro e das múmias faria a gente ter um ano ruim. Então, não havia muito motivo para festejar a chegada de 2018. Mas a expectativa para 2019... Mudou? Até acho que sim, mas para pior. Já não está dando para esperar um feliz 2019, e nem, talvez, 2020, 2021, 22... Será que teremos um feliz 2023? Pensem num monte de coisas que a gente reclama hoje e o que vai acontecer com elas no próximo ano, com o governo que vem aí... Acho que vale repetir agora um texto que publiquei no início de 2018, com o título “Previsões com 100% de acerto para o ano que começa”. Tirei uma parte que não tinha nada a ver com previsões, e acrescento algumas coisas que não estavam nele.. Pois bem, aí vai... “Neste ano, os cegos verão muito pouco, os surdos ouvirão mal e os mudos não dirão nada”. Haverá “uma doença horrível e pavorosa, maligna, perversa, assustadora e desagradável que deixará todos muito espantados, sem saber o que fazer e frequentemente perdidos em devaneios silogísticos sobre a pedra filosofal e sobre as orelhas de Midas. Tremo de medo quando penso nisso, porque digo que ela será epidêmica, e Averróis, em Colliget VII, a chama de falta de dinheiro”. É gozação? É. Mas não minha nem de adivinhos que infestam a televisão, revistas e jornais em fins de ano. Apesar de eu fazer previsões como essas há anos, isso que está escrito no começo do texto faz parte do Prognóstico Pantagruélico, certo, verdadeiro e infalível para o ano de 1533, de François Rabelais. Tradução de Leyla Perrone-Moysés. A Ilustríssima, caderno da Folha de S. Paulo, publicou em 31 de dezembro de 2017. Um texto de quase cinco séculos de idade, que continua valendo em 2018, e continuará nos próximos anos, não? Fácil fazer previsões assim, mas o duro é que muita gente se veste de mago, faz pose de ter ligações com o além e prevê coisas como essas como se estivesse falando sério. Preveem morte de político e de artista famosos (que ano não acontece?), separação de casais “ilustres”, enchentes em alguns lugares, secas em outros, furacões no Caribe e costa dos Estados Unidos, tufões no Sudeste da Ásia, ondas de frio (com nevascas) em alguns lugares e de calor em outros... Assim, continuei: Poderão prever para o Brasil a continuidade da corrupção empresarial e política, com propinas e coisas afins, e no futebol também, a justiça acelerada contra um lado e lenta ou inerte contra outro, revoltas em presídios, a breguice atacando firme na música popular... Mais previsões óbvias: a poluição dos rios e do ar não será combatida, as florestas continuarão sendo devastadas, o Aëdes egypt e outros mosquitos transmitirão dengue, chicungunha e outras doenças, a febre amarela não será eliminada. Muitos velhos vacinados contra a gripe não serão protegidos pela vacina: terão gripe braba. Trânsito caótico nas grandes cidades, transporte coletivo péssimo, desemprego, corte de direitos sociais... E mais: no meu texto escrito no final de 2017, eu defendia que o Paysandu fosse promovido à primeira divisão. Não deu: em vez disso, caiu para a terceira! Não posso dizer que é uma surpresa, e não tinha feito previsão sobre a subida ou a queda, só defendia a subida. De qualquer forma, não sou nenhum Nostradamus. Aliás, minhas previsões têm algo de botequeiras, daquelas regadas a cachaça, e em vez de Nostradamus poderia dizer que é uma previsão de Nostravamus, sugestivo nome de um bar de não me lembro onde. Previsões que eu tinha feito mas não incluí no texto acima
  • Empresários reclamarão da carga tributária, especialmente das despesas com empregados.
  • Alguns jogadores de futebol ganharão salários equivalentes à soma do que ganham milhares de trabalhadores. Apresentadores de TV também.
  • Telejornais ocuparão boa parte do seu tempo com noticiário policial: assassinatos, roubos, tráfico, corrupção, violência contra a mulher...
  • Haverá rebeliões em presídios brasileiros, com muitas mortes entre os presos.
  • Nos EUA, Trump falará besteiras e fará mais besteiras ainda.
  • Temer fará discursos cheios de frases sem significado e se considerando um reformador do Brasil, enquanto elimina direitos, cede a interesses de políticos mutreteiros e de empresários idem.
  • O trabalho escravo não será punido no Brasil.
  • A devastação de florestas continuará, também sem punição.
  • As igrejas pentecostais continuarão recebendo adeptos, crescendo, cobrando dízimos e não pagando impostos.
  • Os veganos não comerão carne nem produtos que contenham derivados de leite e ovos. A não ser escondidos.
  • Os onívoros comerão de tudo, quando tiverem para comer.
  • As privatizações estarão na pauta de políticos, economistas e empresários que ganham com elas. Para eles, tudo que dá lucro tem que ir para seus bolsos.
  • Livrarias se fecharão e editoras terão grandes dificuldades financeiras.
  • Mídias sociais espalharão cada vez mais notícias falsas e influenciarão progressivamente a formação de mentalidades imbecis e generalização de comportamentos covardes, típicos da mentalidade fascistoide que crescerá muito.
  • Haverá muita gente fazendo simpatias e promessas para ganhar muito dinheiro. São pessoas que sabem o que devem e o que não devem fazer para que isso aconteça. Mas continuarão pobres. Quem ganha muito dinheiro nem liga para essas coisas.
Foi pior do que previ Volto ao futebol: não previ que a Copa de 2018 seria outro desastre para a seleção. E nem mesmo o insucesso de times brasileiros em campeonatos regionais, da América do Sul! Estamos mal no futebol. E as eleições? Vixe! Aí sim, houve resultados que se alguém previsse seria chamado de maluco. Não só na eleição do presidente: quem poderia prever os resultados das eleições em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, por exemplo? E não só para governadores... Tem cada senador eleito! E cada deputado! E quem poderia imaginar que Janaina Paschoal teria mais de 2 milhões de votos para deputada estadual em São Paulo? Como diz um amigo, não há astrólogo que pudesse prever o que aconteceu politicamente no Brasil em 2018. Nem cartomante, nem jogador de búzios, nenhuma bola de cristal e nem mesmo um Nostradamus reencarnado. Se se previsse a eleição do #EleNão, seria previsível também a composição do ministério dele. Mas em 2017 e início de 2018 era impensável. Ou alguém supunha que o ministério teria como todo-poderosos Onyx Lorenzoni, Sérgio Moro e Paulo Guedes? E alguém poderia imaginar que um educador da Fundação Ayrton Senna seria barrado para o Ministério da Educação por ser considerado não fanático pelos evangélicos, e substituído por um colombiano ao gosto deles? E uma pastora que será ministra de tudo relacionado a Direitos Humanos, que acha que a função da mulher na sociedade é ser esposa e procriar? E um ministro do meio-ambiente que diz que aquecimento global não é um problema a ser tratado? Indo um ano mais pra frente, o que se poderá prever no final de 2019, para acontecer em 2020? Será que mudará um pouco de tudo isso “previsto” e “imprevisto” para o fatídico 2018, com perspectiva de piorar em 2019? Quem sobreviver verá.