Exílios e golpes evoluem; viveremos um novo exílio interno e uma "democracia totalitária"

Viveremos, a partir de janeiro um Brasil totalitário no que concerne a adversidade da verdade unívoca, dos métodos e dos princípios de políticas públicas sem justiça social, num governo onde a prática, será um Brasil de “mercado” e dos “costumes da família”, no mais radical sentido de que as questões humanas serão erradicadas da agenda para um segundo plano.

Escrito en OPINIÃO el
Saudades do exílio? Não, pois de lá resistimos a saudades do Brasil. A ele, não mais voltaremos. Dentro de nós, não mais existem espaços. Temos memória e temos a nacionalidade suficiente e necessária para lembrar da ditadura. Ditadura feroz e assassina, que levou nossos líderes, que mutilou nossas esperanças, mas que não conseguiu excluir de nossa vitória, nossos valores de liberdade, nosso respeito humano a nossos próceres, com a dignidade e o direito de lembrá-los e reclamá-los, como nossos mortos. Não são só os cachorros que gostam de ossos, como dizem os déspotas, lacaios das botinas e subservientes da prepotência, é toda uma Nação composta por brasileiros que exige respeito a nossa Constituição e a nossos valores. A evolução não só trata dos processos da história natural, - a teoria de Darwin sobre a evolução humana - como também trata das transformações das mudanças sociais e políticas, dos golpes, das revoluções utópicas, dos embustes e das míticas parcimônias do engodo, entre justiça e governo. Hoje, desta nossa democracia, deste nosso destino, do nosso discernimento para entender o processo estabelecido em nosso país, “democraticamente pelas urnas”, só temos que enfrentar o vindouro com a resistência de ontem, de vinte e um anos de sofrimento, mas firmes na objetividade de nossa crença de que o homem vem em primeiro lugar, nas nossas relações humanistas, e, principalmente convictos que a luta faz parte da vitória, quando dar um passo atrás, faz parte de dar dois para a frente. Viveremos, a partir de janeiro um Brasil totalitário no que concerne a adversidade da verdade unívoca, dos métodos e dos princípios de políticas públicas sem justiça social, num governo onde a prática, será um Brasil de “mercado” e dos “costumes da família”, no mais radical sentido de que as questões humanas serão erradicadas da agenda para um segundo plano. Estaremos vivendo um exílio dentro de nós mesmos; dentro do território da Pátria. Seremos excluídos e ameaçados pelo autoritarismo dos métodos, da análise parcial de nossa lei maior, de nossa Constituição, da interpretação e execução peremptória dos justiceiros, daqueles que, enquanto ontem subordinavam a nossa democracia, hoje aceitam a ocupação política de espaços de domínio, como por exemplo, o comando do Ministério da Justiça, trazendo para si não só as questões inerentes ao processo normal da instituição, como também instrumentos de coação aos cidadãos. A segurança nacional e o controle do cidadão, serão predominantes, para desta maneira, o “establishment” ter um instrumento de chantagem e controle das transações comerciais, dos movimentos financeiros, dos movimentos grevistas, do controle do Enem, das universidades, das escolas e dos cursos de formação mais intelectualizados socialmente, para ameaçar, amedrontar e pressionar aqueles que se contrapõe aos interesses políticos estabelecidos. O domínio do nosso intelecto coletivo, através da pregação e do proselitismo das igrejas e dos quarteis, será sem dúvidas uma constante. Qualquer pretexto servirá a criminalização de fatos e situações sociais de minorias, índios, povos ribeirinhos, quilombolas que hoje são abrigados pelo código civil e sob a proteção dos Direitos humanos. O controle de nossa democracia é uma evolução da imposição da troca de quepes por togas; togas estas que serão nos dias vindouros, a última esperança de um povo, novamente acuado pela prepotência e arbítrio institucional. Viveremos um novo exílio interno, e também uma nova “democracia” totalitária, similar a qualquer golpe dos anos sessenta, ou setenta. Vamos evoluir, na resistência.