Uma rede de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, com boa retaguarda financeira, vem recrutando pessoas por R$ 1.500 (para uma jornada de seis horas de “trabalho” diário) para operarem perfis falsos que agem atacando opiniões desfavoráveis ao governo nas caixas de comentários dos veículos de imprensa brasileiros. A denúncia, com print das negociações, foi revelada pelo jornalista norte-americano Brain Mier, que viveu 25 anos no Brasil, atualmente na TeleSUR.
“Eu estava me perguntando por que tantos bots com menos de 20 seguidores estavam me atacando com os mesmos xingamentos ontem... Foram tantos ataques que tive que bloquear minha conta por algumas horas na véspera do protesto. Basicamente, eram três esses xingamentos: "você é um mentiroso", "você está espalhando notícias falsas" e "você deveria voltar para o seu país””, escreveu Mier.
Foi a partir desse episódio que o repórter foi atrás de respostas para o comportamento estranho dos perfis que o atacaram e então conseguiu obter um print de negociações envolvendo o administrador de um grupo bolsonarista e uma pessoa interessada no “serviço” de infernizar e rebater críticas ao caótico governo radical do presidente brasileiro.
“Estão vazando informações sobre os aliados do Bolsonaro pagando R $ 1.500 para as pessoas trabalharem em turnos de 6 horas, mantendo 10 contas distintas nas redes sociais, para atacar os esquerdistas”, explicou o jornalista, que disponibilizou a imagem das tratativas em seu perfil no Twitter.
Quem coordena o grupo é um usuário identificado como BR_Admin_019, que antes de dar sequência ao diálogo diz ao interlocutor que precisa checar a origem do contato. Após essa confirmação, o interessado recebe instruções sobre a função que exercerá e a confirmação do “salário” de R$ 1.500 e de sua jornada diária. O responsável pela contratação informa ainda que o novo “funcionário” vai gerenciar 10 perfis e lembra que ele deverá agir “como foi mostrado no treinamento”.